quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Apenas escrevendo

Sei que viagem no tempo não é possível, apesar de gostar muito dos filmes do gênero.
Sei que não existem deuses, de qualquer mitologia , cor ou liturgia, mesmo que existam milhares de pessoas que os sigam e juram poder demonstrar suas existências.
Sei que é possível viver num sistema de organização social diferente, livre do Estado, dos governos, juizes, advogados, policiais, forças armadas, dinheiro, leis, normas e regras degeneradas e inadequadas, sendo todos estes corruptos, conscientes disso ou não.
Mas sei também que existe um medo gigantesco de que as coisas mudem, por medo de que no processo de mudança alguma coisa importante se perca.
Medo infundado, mas muito presente, não só no nosso País, mas em muitos outros.
Sei que sozinho não posso fazer nada além de dizer o que penso e com atitudes orgânicas viver minha vida da maneira que acredito ser possível que outros vivam. Alguns observam e tentam fazer o mesmo, outros, apenas ignoram a possibilidade e organizam uma crítica destrutiva para sentirem-se bem em sua condição mínima de ser humano.
Sei que não existe um significado absoluto para a vida, que não existe vida após a morte nem outras vidas sucessivas para aprendermos ou pagarmos alguma dívida.
Sei que não existem pessoas felizes, apenas estando felizes em alguns momentos, talvez mais vezes que outros.
A felicidade não é um lugar onde se deve chegar, assim como o passado não é um lugar onde se possa voltar.
A morte é nossa única certeza absoluta, ficando apenas na expectativa do momento em que ela virá e que, para alguns, será o momento da verdade.
Pena que este momento é único e não haverá ninguém lá para compartilhar seus últimos segundos.
Nos tornamos eternos sem podermos aproveitar essa eternidade, visto que atingimos esta condição para aqueles que ficaram e mesmo assim, apenas enquanto eles puderem nos transmitir, em forma de lembranças, histórias, fotos, imagens, feitos.
Um filho é uma tentativa de eternizar-se, então, mais uma atitude egoísta.
Trazer uma nova criatura para compartilhar da miséria humana, não sei se é certo.
Não sei se existe o certo, acredito no adequado. Um eufemismo para "o certo para minhas necessidades".
Não tenho ilusões de grandeza nem de realizações históricas.
Quero viver meus últimos dias da melhor forma que eu conseguir, aproveitando essa minha única oportunidade, produzindo, compondo, cantando, amando, sofrendo, dormindo e acordando para um novo dia até o fatídico momento de dizer adeus sem ter tempo para dizê-lo.
Sei que não existe esperança de uma mudança urgente no pensamento humano, sendo um longo e doloroso processo que irá arrastar para a cova centena de milhares de pessoas até o intante do colapso mundial, quando a saída será o advento de uma consciência empática e o sofrimento de um será o de todos.
Pessoas morrem.
Ideologias morrem.
Certezas morrem.
Deuses morrem.
Valores morrem.
Enquanto uma boa parcela da população mundial se perde em grilhões morais que por eles não foram forjados, uma pequena minoria de individuos que sabe manipular o sistema e suas inúmeras falhas continuam em seus lugares sagrados, escondidos, vivendo todos os seus sonhos de consumo e de prazeres dos quais você e eu apenas ouvimos falar.
Somos roubados, furtados, violentados, humilhados e abandonados diariamente por todos os meios de comunicação, poderes consituídos e instituições.
Mas já faz tanto tempo que nos acostumamos e não percebemos a simples realidade: nós nos transformamos nessa sociedade por culpa única e exclusivamente nossa.
Porque durante muito tempo acreditamos nele, o defendemos, o elogiamos e veneramos.
Nos mínimos detalhes do seu dia-a-dia o sistema está enraizado tão profundamente que torna-se quase impossível não fazer parte dele, mesmo tentando abandoná-lo em vários setores de nossa vida.
Voltar ao campo não é a solução.
Criar novas indústrias, aquecer a economia, melhorar os investimentos na geração de empregos e possibilitar uma melhoria na relação de consumo, trabalho e emprego não é a solução.
Educação, saúde e qualidade de vida também não o é.
Porque não existe A solução, visto ser o problema sistêmico.
Ainda assim, devemos lutar por saúde, educação e melhores condições de emprego na busca de qualidade.
É só o que podemos fazer por enquanto.
Mas e daí, onde eu quero chegar com tudo isso?
Lugar nenhum, e você?
Só estou escrevendo, maisum texto perdido na net, nos rincões binários desta rede-de-meu-deus.
Nada mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inventamos todo tipo de teoria para nos explicar sobre quaisquer coisas.
De onde viemos, por que estamos aqui, por que me atrasei, por que não telefonei, por que não me preocupo, por que me preocupo.
Ficamos embevecidos em nossa própria capacidade de nos percebermos vivos que não nos damos conta de que isso por si só é incrível.
Precisamos de mais.
Mas não somos muito dados a nos criticar nem entender, logo, precisamos de ferramentas que nos auxiliem no processo de entendimento.
E é quando geralmente nos afogamos mais um pouco na ilusão de que somos importantes para uma certa ordem universal.
Quando a verdade simples e óbvia é uma só: não existe significado algum, a não ser o que nós mesmos nos damos.
Logo, aquele ditado sobre sermos responsáveis pelo nosso próprio sofrimento mostra-se ser mais do que verídico.
Necessário.
Quando você irá decidir que é o momento de tomar as rédeas de sua vida e cuidar dela como se fosse a única que você tem, o que também é verdade?