quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Precisar é um verbo

Preciso chorar
preciso sofrer
preciso crer
preciso sorrir deseperadamente
preciso te matar
ver tua vida em minhas mãos
teus pedaços, teus sonhos
me arrepender de ter feito isso
ter ido ao seu velório
ter acordado do pesadelo

preciso sair
preciso fugir
correr deseperadamente
sem nada ver
sem nada a perder

preciso dizer que te amo
e que você foi a pior coisa na minha vida
me arrepender de ter dito isso
de ter sido tão piegas
tão qualquer coisa
menos eu

preciso te perder
preciso morrer
e ressucitar no terceiro dia
preciso me ver como alguem veria
sair de mim
sair daqui

preciso me odiar
preciso mesmo
de verdade
entender

preciso de vida após o fim
preciso sim, de uma nova vida
que pelo menos seja minha

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Achismos

Uma das coisas mais interessantes nascidas no seio da internet foi o blog. Simplesmente genial.

Alguns fazem dele seu caderno de notas, outros sua agenda pessoal, seu diário.

Mas no geral é possível encontrar muitos blogs interessantes, que se propõem a dizer alguma coisa fora do lugar comum.

Claro que alguns deles são “achismos”, o que não reduz seu potencial em absolutamente nada.

Grandes idéias nasceram da observação e experimentação. Na vida dos seres humanos, o “achismo” é parte do processo científico de compreensão de determinado fenômeno.

Certo, nem sempre científico, mas de certa forma tenta sê-lo, buscando argumentos, bases teóricas, exemplos, fatos, recorrências históricas dentre outras ferramentas.

Este blog é mais um, eivado de “achismos”, de uma pretensa falsa intelectualidade visto que nem chega a ser falso, nem intelectual.

O blog é revolucionário porque permitiu a divulgação de opiniões e informação sem a necessidade de conhecimentos profundos em informática por parte daquele que elabora o texto.

Em sua maioria são gratuitos e cheio de tutoriais e “wizards” que auxiliam na confecção rápida dos layouts e preferências: voilá!

Não sei os idealizadores da internet puderam conceber a possibilidade de tamanho compartilhamento de informações em período tão curto de tempo.

Ainda assim, a tecnologia não chegou para todos, mas é bem possível que chegue: obrigatoriamente.

Os avanços na nanotecnologia, na mecanização e informatização de processos que antes eram necessariamente braçais, a acessibilidade de computadores pessoais e a adesão quase que maciça destas ferramentas em empresas públicas e privadas, são alguns dos motivos que obrigam o ser humano a acompanhar o caminhar da tecnologia ou ser levado ao fatídico desaparecimento.

Exagero?

Talvez.

Particularmente, vejo a tecnologia com bons olhos, mesmo preferindo uma vida mais simples. O tal do retrocesso sustentável.

Vejo a possibilidade de um dia a internet ser oferecida nas residências de maneira semelhante à água e luz: ela já seria ligada diretamente, pagando-se apenas pelo consumo, em horas por exemplo.

O que me leva a pensar que existe a possibilidade da TV digital também não durar muito.

Mas isso é só mais um “achismo” típico de um escritor de blog, destes que aparecem aos montes na net.

E viva a informação!

Controle Remoto

Certa vez eu estava conversando com Sérgio e comecei a perceber algo que me ajudou a entender algumas coisas.
Lembro de ter lhe perguntando:
"Sérgio, você está vendo estas pessoas?"- isso foi no pátio da UNEMAT. Eu respondi depois que ele acenou positivamente: "Eu também, mas é como se eu não estivesse aqui, como se eu fosse um expectador longe dos efeitos do tempo, um mero observador, que não pode mudar nada nesta história, contudo, é privilegiado por conseguir ver toda a história e seus desembramentos."
Mas o mais interessante é quando você consegue fazer isso com sua própria história.
Perceber todos os detalhes, os erros, as palavras ditas e omissas, os movimentos, como se por alguns instantes você tivesse o seu próprio controle remoto e pudesse voltar algumas cenas , sem alterá-las, apenas para reavaliá-las!
Essa percepção, essa consciência, creio que seja um passo para a plenitude, para a auto-compreensão.
Sei que pode parecer um pouco arrogante de minha parte dizer isso, como se eu fosse um ser evoluído e os outros não, mas não é essa a idéia.
A questão é compartilhar.
Quando um cientista descobre algo novo, algo importante e que pode mudar-lhe a vida e a dos outros seres que este planeta habitam, ele fica num angústia muito grande por poder compartilhar este novo conhecimento, não pelos louros, mas pela certeza do efeito que irá surtir naqueles outros seres que ainda não estiveram em contato com essa nova informação.
Tanto não sou um ser evoluído que possuo tantos problemas quanto qualquer outro. Tenho dívidas, tanto econômicas quanto sociais e morais. Tenho sonhos, anseios, ilusões, defeitos, família, amigos, como qualquer um.
Mas, por alguns instantes, eu tenho o controle remoto de minha história e consigo ver o que deu errado até agora, me dando alguns segundos de oportunidade para traçar um novo caminho.
É essa tomada de "rédeas" que eu gostaria de compartilhar, de estimular.
Pare alguns minutos de sua vida, se possível num momento em que ninguém poderá lhe incomodar, um lugar só seu. No meu caso é em baixo do chuveiro.
E comece a procurar rever o dia, os detalhes.
Com o tempo, perguntas começam a fazer sentido e as respostas aparecem em dias anteriores.
As peças começam a se ligar.
Você finalmente está se vendo. Você consegue perceber o óbvio.
E é essa experiência que eu gostaria de compartilhar, por um mundo melhor, por pessoas menos tristes e capazes de perceberem o que está a sua volta.
A depressão muitas vezes nasce da união de vários elementos de descontrole situacional, aliados a falta de perspectiva. Significa dizer que você não sabe e não entende o que está lhe acontecendo naquele momento, então a depressão aparece.
Parte desta insegurança e falta de perspectiva estão conectadas com a visão particular de mundo que boa parte das pessoas acaba desenvolvendo: o egocentrismo.
Mas este é um assunto por demasiado complexo e que deixo para uma análise em um artigo posterior.

Sabe, acho que depois deste post horrível eu realmente deveria escrever um livro de auto-ajuda.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Desperdícios

Há exatamente 29 nove anos atrás, exatidão essa em conformidade com o calendário que nossa sociedade adotou, uma criança fora expulsa de um ambiente aconchegante, maravilhosamente controlado, perfeito, para fazer parte de um lugar frio, violento, obrigada a mandar para dentro de seus pulmões saudáveis e inocentes parcela do ar viciado que iria fazer parte do resto de seus dias.
Era o dia em que eu nasci.
Sabe, algumas pessoas comemoram as alegrias, as tristezas, as oportunidades, a maravilha da criação e das benção de deus sobre elas em dias como esse. Elas se sentem especiais.
Precisam se sentir assim.
Eu não sou tão pretensioso em pensar que esse deus me deu tantas "bençãos" e se esqueceu das centenas de milhares de pessoas que acabaram de morrer de fome, de tristeza, de violência, de dor, de vida por este mundo a fora.
Não me sinto especial, mas sei que sou único assim como cada uma destas pessoas que agora não fazem mais parte de nosso convívio.
Uma música do Tianastácia fala de pessoas que poderiam ter sido a cura do câncer, da AIDS, físicos, músicos, matemáticos, que morreram ou vivem em condições de total esquecimento de nossa parte.
A música se chama "Desperdícios".
Hoje é um dia como outro qualquer, talvez diferente pelo fato de que eu tenha percebido que já fazem 29 anos em que eu poderia estar fazendo algo de importante, senão pelos outros, pelo menos pela existência daqueles que poderão me suceder.
Isso também é um desperdício.
Parabéns pra mim.