quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Precisar é um verbo

Preciso chorar
preciso sofrer
preciso crer
preciso sorrir deseperadamente
preciso te matar
ver tua vida em minhas mãos
teus pedaços, teus sonhos
me arrepender de ter feito isso
ter ido ao seu velório
ter acordado do pesadelo

preciso sair
preciso fugir
correr deseperadamente
sem nada ver
sem nada a perder

preciso dizer que te amo
e que você foi a pior coisa na minha vida
me arrepender de ter dito isso
de ter sido tão piegas
tão qualquer coisa
menos eu

preciso te perder
preciso morrer
e ressucitar no terceiro dia
preciso me ver como alguem veria
sair de mim
sair daqui

preciso me odiar
preciso mesmo
de verdade
entender

preciso de vida após o fim
preciso sim, de uma nova vida
que pelo menos seja minha

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Achismos

Uma das coisas mais interessantes nascidas no seio da internet foi o blog. Simplesmente genial.

Alguns fazem dele seu caderno de notas, outros sua agenda pessoal, seu diário.

Mas no geral é possível encontrar muitos blogs interessantes, que se propõem a dizer alguma coisa fora do lugar comum.

Claro que alguns deles são “achismos”, o que não reduz seu potencial em absolutamente nada.

Grandes idéias nasceram da observação e experimentação. Na vida dos seres humanos, o “achismo” é parte do processo científico de compreensão de determinado fenômeno.

Certo, nem sempre científico, mas de certa forma tenta sê-lo, buscando argumentos, bases teóricas, exemplos, fatos, recorrências históricas dentre outras ferramentas.

Este blog é mais um, eivado de “achismos”, de uma pretensa falsa intelectualidade visto que nem chega a ser falso, nem intelectual.

O blog é revolucionário porque permitiu a divulgação de opiniões e informação sem a necessidade de conhecimentos profundos em informática por parte daquele que elabora o texto.

Em sua maioria são gratuitos e cheio de tutoriais e “wizards” que auxiliam na confecção rápida dos layouts e preferências: voilá!

Não sei os idealizadores da internet puderam conceber a possibilidade de tamanho compartilhamento de informações em período tão curto de tempo.

Ainda assim, a tecnologia não chegou para todos, mas é bem possível que chegue: obrigatoriamente.

Os avanços na nanotecnologia, na mecanização e informatização de processos que antes eram necessariamente braçais, a acessibilidade de computadores pessoais e a adesão quase que maciça destas ferramentas em empresas públicas e privadas, são alguns dos motivos que obrigam o ser humano a acompanhar o caminhar da tecnologia ou ser levado ao fatídico desaparecimento.

Exagero?

Talvez.

Particularmente, vejo a tecnologia com bons olhos, mesmo preferindo uma vida mais simples. O tal do retrocesso sustentável.

Vejo a possibilidade de um dia a internet ser oferecida nas residências de maneira semelhante à água e luz: ela já seria ligada diretamente, pagando-se apenas pelo consumo, em horas por exemplo.

O que me leva a pensar que existe a possibilidade da TV digital também não durar muito.

Mas isso é só mais um “achismo” típico de um escritor de blog, destes que aparecem aos montes na net.

E viva a informação!

Controle Remoto

Certa vez eu estava conversando com Sérgio e comecei a perceber algo que me ajudou a entender algumas coisas.
Lembro de ter lhe perguntando:
"Sérgio, você está vendo estas pessoas?"- isso foi no pátio da UNEMAT. Eu respondi depois que ele acenou positivamente: "Eu também, mas é como se eu não estivesse aqui, como se eu fosse um expectador longe dos efeitos do tempo, um mero observador, que não pode mudar nada nesta história, contudo, é privilegiado por conseguir ver toda a história e seus desembramentos."
Mas o mais interessante é quando você consegue fazer isso com sua própria história.
Perceber todos os detalhes, os erros, as palavras ditas e omissas, os movimentos, como se por alguns instantes você tivesse o seu próprio controle remoto e pudesse voltar algumas cenas , sem alterá-las, apenas para reavaliá-las!
Essa percepção, essa consciência, creio que seja um passo para a plenitude, para a auto-compreensão.
Sei que pode parecer um pouco arrogante de minha parte dizer isso, como se eu fosse um ser evoluído e os outros não, mas não é essa a idéia.
A questão é compartilhar.
Quando um cientista descobre algo novo, algo importante e que pode mudar-lhe a vida e a dos outros seres que este planeta habitam, ele fica num angústia muito grande por poder compartilhar este novo conhecimento, não pelos louros, mas pela certeza do efeito que irá surtir naqueles outros seres que ainda não estiveram em contato com essa nova informação.
Tanto não sou um ser evoluído que possuo tantos problemas quanto qualquer outro. Tenho dívidas, tanto econômicas quanto sociais e morais. Tenho sonhos, anseios, ilusões, defeitos, família, amigos, como qualquer um.
Mas, por alguns instantes, eu tenho o controle remoto de minha história e consigo ver o que deu errado até agora, me dando alguns segundos de oportunidade para traçar um novo caminho.
É essa tomada de "rédeas" que eu gostaria de compartilhar, de estimular.
Pare alguns minutos de sua vida, se possível num momento em que ninguém poderá lhe incomodar, um lugar só seu. No meu caso é em baixo do chuveiro.
E comece a procurar rever o dia, os detalhes.
Com o tempo, perguntas começam a fazer sentido e as respostas aparecem em dias anteriores.
As peças começam a se ligar.
Você finalmente está se vendo. Você consegue perceber o óbvio.
E é essa experiência que eu gostaria de compartilhar, por um mundo melhor, por pessoas menos tristes e capazes de perceberem o que está a sua volta.
A depressão muitas vezes nasce da união de vários elementos de descontrole situacional, aliados a falta de perspectiva. Significa dizer que você não sabe e não entende o que está lhe acontecendo naquele momento, então a depressão aparece.
Parte desta insegurança e falta de perspectiva estão conectadas com a visão particular de mundo que boa parte das pessoas acaba desenvolvendo: o egocentrismo.
Mas este é um assunto por demasiado complexo e que deixo para uma análise em um artigo posterior.

Sabe, acho que depois deste post horrível eu realmente deveria escrever um livro de auto-ajuda.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Desperdícios

Há exatamente 29 nove anos atrás, exatidão essa em conformidade com o calendário que nossa sociedade adotou, uma criança fora expulsa de um ambiente aconchegante, maravilhosamente controlado, perfeito, para fazer parte de um lugar frio, violento, obrigada a mandar para dentro de seus pulmões saudáveis e inocentes parcela do ar viciado que iria fazer parte do resto de seus dias.
Era o dia em que eu nasci.
Sabe, algumas pessoas comemoram as alegrias, as tristezas, as oportunidades, a maravilha da criação e das benção de deus sobre elas em dias como esse. Elas se sentem especiais.
Precisam se sentir assim.
Eu não sou tão pretensioso em pensar que esse deus me deu tantas "bençãos" e se esqueceu das centenas de milhares de pessoas que acabaram de morrer de fome, de tristeza, de violência, de dor, de vida por este mundo a fora.
Não me sinto especial, mas sei que sou único assim como cada uma destas pessoas que agora não fazem mais parte de nosso convívio.
Uma música do Tianastácia fala de pessoas que poderiam ter sido a cura do câncer, da AIDS, físicos, músicos, matemáticos, que morreram ou vivem em condições de total esquecimento de nossa parte.
A música se chama "Desperdícios".
Hoje é um dia como outro qualquer, talvez diferente pelo fato de que eu tenha percebido que já fazem 29 anos em que eu poderia estar fazendo algo de importante, senão pelos outros, pelo menos pela existência daqueles que poderão me suceder.
Isso também é um desperdício.
Parabéns pra mim.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pagando para sermos honestos - parte I

Ok, um amigo me pediu para postar a primeira parte daquele "achismo" publicado anteriormente e vou fazê-lo neste post.
Publicado originalmente em 15/11/2007 no flog http://www.fotolog.com/ricardolacerda78

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Pois é...eu não ia postar nada neste feriadão, mas a última notícia que eu vi na tv, sobre a discussão dos membros do judiciário sobre seus vencimentos...ah...pais pequeno e cheio de pessoas adormecidas ...
Nós pagamos impostos.
Nós quitamos nossas dívidas ou tentamos renegociá-las.
Nós nos preocupamos com nosso nome e imagem.
Nós desejamos um lugar melhor e muitas vezes trabalhamos por isso.
Nós deixamos de lado nossas famílias muitas vezes de lado em prol do planejamento de um futuro melhor e na manutenção do emprego chinfrim, mas que nos garante a comida no fim do mês.
Nós tentamos...

Eles não.
Não fazem questão de esconder que são desonestos, que são egocêntricos, que desejam mais dinheiro, que se lambuzam no doce caldo do poder até não poderem mais.
Não fazem questão de tentar esconder que nós não somos prioridade, que nosso bem estar e nossos problemas são de única e total responsabilidade nossa.
Não fazem questão de tentar nos convencer de que eles valem a pena.
Claro, somente por ocasião das eleições é que surgem os nomes, os ideais, os símbolos, os que irão nos conduzir a uma aurora de novos tempos.
Para no dia seguinte nos esquecerem de novo.

Até quando a gente vai "estar com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela?!"
____________//---------------------- fim do post.

domingo, 25 de novembro de 2007

Da Decepção

Ao contrário do que as comunidades dos sites de relacionamentos assim como os flogs desta grande rede sem porteira dizem sobre decepção em relacionamentos, nós nos decepcionamos em relacionamento por conta de nós mesmos.
Na verdade, das expectativas que criamos.
Quando tentamos mover a nossa vida ao lado de alguém esperamos verdadeiramente que esta pessoa possa lidar com nossos sentimentos de maneira parecida com a qual trata os seus. Que ela entenda o nosso ponto de vista, mesmo não concordando. Que possa nos ver, nos ouvir e perceber que as nossas necessidades também são importantes para o bom caminhar.
Simplesmente acreditamos no outro. Que ele é capaz de atender nossas expectativas.
E é aí que nos enganamos e possivelmente venhamos a nos decepcionar futuramente.
Acreditamos que as pessoas são capazes de vislumbrar algo além delas mesmas. Mas a maioria dos relacionamentos demonstra ser um exercício de egos confusos num conflito diário por espaço: o espaço que poderia ser de ambos respeitando-se os indivíduos.
Contudo, é essa mesma esperança no outro que nos possibilita continuar o caminho, a fazer planos, a tentar de novo quando caímos. É ela que nos dá a capacidade de ousar e se aventurar em situações que de outra maneira não nos arriscaríamos.
Ainda assim, a decepção com o outro pode deixar de ser um bom exercício de auto-conhecimento para se tornar um tormento e uma prisão para nossas esperanças de construção de um relacionamento saudável e estável.
Este é o ponto que devemos abordar em textos posteriores, à medida em que a idéia amadureça: deixemos de pensar em termos de homem e mulher; passemos a ver o ser humano.
Certamente, esse é um bom começo para a construção de uma sociedade melhor.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Faltas

Em cidades sérias, durante a realização de obras em vias públicas, é normal a divulgação das mesmas nos meios de comunicação local e a utilização de placas de sinalização ao longo da pista, como aquela de "homens trabalhando" e "desvio".
Aqui em Cáceres, além de obras na pista ser uma coisa do tipo "até que enfim" e "mal e porcamente" tem-se situações típicas de um quadro de Dali.
Não se tem qualquer divulgação por parte das autoridades.
Os "homens trabalhando" não costumam deixar homens trabalhando antes nem depois da realização da obra para tentar manter a integridade da mesma.
Não há sinalização, apenas cavaletes e galhos na pista dificultando a passagem de veículos auto-motores, cujos os motoristas, pessoas altamente conscientes de suas obrigações e do valor dos seus impostos, param na pista para retirar os mesmos cavaletes e galhos, quando não resolvem tomar a ciclovia como via secundária para chegar mais rápido onde quer que estejam indo.
Não estamos em São Paulo, aqui não existe a mesma pressa e os engarrafamentos de lá.
Pode-se sim tomar acesso por vias secundárias que em nada irá atrasar sua vida, contudo, o povo que aqui vive não é muito dado a colaborar com a manutenção da coisa pública, nem com a preservação da natureza da qual deveria ser guardião.
A estação de tratamento vai ser construída na contra-mão , ou seja, ao invés de ser colocada onde o despejo de materiais poluentes ocorre com maior volume, optaram por construí-la rio abaixo.
Sei lá, parece que falta de planejamento e organização é uma característica dos administradores públicos desta região.
Mas eu estou contente com a notícia de ontem mesmo sabendo que existem recursos.
A alegria de pobre dura pouco, dizem.
Pelo menos, dura tempo suficiente pra podermos nos lembrar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pagando para sermos honestos - parte 2

É tão estranha esta sensação de que não se pode fazer absolutamente nada de imediato para mudar as coisas. Todas as idéias que tem algum valor para a humanidade, de alguma forma, são para anos futuros, longo e médio prazos.

Nada é pra agora!

E isso, de certa maneira, interfere na maneira como as pessoas se dispõem a ajudar na concretização destes planos. Querendo ou não as pessoas, inclusive eu e você, gostariam que a fome, a miséria, as desigualdades sociais, o acesso à informação, à tecnologia e á saúde fossem agora!

Fica difícil pedir para termos paciência, para fazermos a nossa parte que os nossos filhos e netos irão nos agradecer. Nossa vida é curta diante da grande linha do tempo contado até agora. Sei que o planejamento é importante, mas pessoas morrem todos os dias. Centenas de milhares, por falta do mínimo necessário à sua subsistência.

Como posso pedir para essas pessoas esperarem um pouco mais porque a ajuda está chegando? Porque o próximo plano econômico vai funcionar? Que o sistema educacional vai trazer bons frutos nos próximos 15 anos? Enquanto isso o desemprego, a corrupção, a falta de assistência dos governos continua.

Somos menos do que moscas para o senhor deputado: as moscas, pelo menos, merecem a atenção dele quando chega em casa para almoçar e se depara com as mesmas sobrevoando sua refeição conquistada com nosso “rico” dinheirinho, suado, conquistado com muito esforço para mantermos nosso nome limpo no SERASA, SPC e em boa conta com o governo.

Quando sobra algum eu tento ajudar aquele cara na esquina com algum trocado, mesmo sem saber qual será o destino desta contribuição. Eu tento não por achar que é bonito, ou para parecer que me preocupo. Tenho consciência de que todos nós somos responsáveis pela pobreza e pela má distribuição de renda. Estava presente nas passeatas porque acreditava estar fazendo alguma coisa de verdade, tentando mudar alguma coisa.

Mas existem pessoas, um pequeno grupo se comparado aos 6 bilhões de habitantes do planeta, que ainda tem poder suficiente para impedirem que o rio mude seu curso, ainda mais se o curso não for o estipulado por este mesmo grupo.

Vejo campanhas de conscientização nos meios de comunicações, tradicionais e internet, falando sobre a importância do voto, da escolha do candidato, de se analisar as propostas de campanha. Mas a verdade é que o voto é parte do sistema e serve para mantê-lo funcionando, dando-nos a idéia de que temos alguma possibilidade de escolha e transformação.

Fazem-nos acreditarmos nisso com tanta força que os nossos jovem fazem campanha a favor desse ou daquele candidato. Acreditam, ainda.

Depois de algumas dezenas de anos, vendo o poder se auto-alimentando das esperanças do povo, sugando toda a nossa força produtiva, nossos sonhos, fins-de-semana, férias, natais, aniversários, sacrificando nossas vidas para mantê-lo funcionando, a ficha cai.

Você percebe que a vida dentro do sistema é mais ou menos parecida com a do espectador de um reallity show, onde você decide o que lhe dão para decidir. Na verdade, você não opina sobre o que quer de verdade. Você não escolhe que entra na casa, como serão as provas, como será a forma de administrar a liderança dentro dela, qual o processo de eliminação, quais os requisitos para o “paredão”.

Dentro da política você não escolhe nada.

Porque todos os candidatos que lhe aparecem sem aviso na sua tv, radio, email, correio, já vem prontos. Talvez, durante a convenção do partido de sua preferência, até tenha aparecido vários candidatos sérios, bem intencionados, capazes de trazer alguma mudança, por menor que seja. Contudo, o que seleciona o possível representante do partido para concorrer ao cargo é a vontade da maioria do partido. A gente não escolhe.

Somos levados a crer que nosso voto é importante porque estamos participando e fazendo algo que vai melhorar nossas vidas.

Pra eles o voto é importante porque nos dá essa ilusão de participação no poder, justificando a existência da democracia e que é a vontade do povo os que irão se suceder no poder, ou se manter lá.

Não, eu não tenho uma idéia melhor.

É essa a sensação que me invade de vez em quando: a de que vejo o programa e nem trocando de canais eu consigo acessar um programa decente.

Como eu faço pra desligar esta televisão?

Existe um canal diferente?

AMIGOS

Ainda bem que eles existem!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Volta do Bar

Certa vez, um grande filósofo (não citaremos nomes para não comprometer a inveracidade da história) chegou em casa meio torto (leia-se:após horas de discussões sobre a essência das coisas faz-se necessário descobrir a essência de uma garrafa de bebida alcoólica para calibrar os neurônios) e tentou abrir a porta, introduzindo a chave na fechadura da mesma.
O procedimento é o padrão e teria dado certo se seus neurônios ainda resolvessem colaborar com os movimentos do sistema simpático, que também deu uma saidinha pra tomar uma com o sistema parassimpático.
Percebendo que a chave, depois de algumas tentativas, acabou quebrando dentro da fechadura, deu um sorrisinho maroto e pensou:
- Fudeu.
Deu meia volta e encaminhou-se para o bar fazer companhia para seus sistemas e esperar que alguém fosse dar por falta dele em algum momento.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Financiando a criminalidade

Estes dias eu estava conversando com amigos e algumas idéias começaram a surgir, fazendo sentido e me assustando um pouco.
Nós pagamos impostos em basicamente tudo o que fazemos: na comida, na bebida, água, luz, transporte, música, filmes, idéias, cores, sabores, vícios e transgressões.
Em tudo existe um viruzinho do imposto embutido, passando despercebido, contaminando nossas vidas, nossos orçamentos e despesas.
Mas os que vivem na informalidade e na "criminalidade" não pagam impostos.
Ainda assim, eles adquirem bens, pagam contas, planejam viagens e um futuro para os seus. Estou falando da maioria, não dos 'ladrões" de galinha e de "pedra" que só vivem de "bicos" furtivos.
Além disso, temos governantes (membros do executivo, legislativo e judiciário) que insistem em nos "roubar", tanto nosso tempo, quanto nosso rico dinheirinho que sempre nos faz falta no fim do mes (quando o orçamento familiar consegue chegar no fim do mês!) para realizar um serviço pelo qual os fulanos já são bem remunerados.
O que descobrimos em nossa conversa é que no final das contas nós, cidadãos em geral, pagamos para sermos honestos e para levarmos uma vida digna.
E pagamos muito caro.
O combate ao tráfico de drogas é importante para os governantes não por uma questão de saúde, mas porque o traficante não paga imposto de renda. Porque o produto traficado não é tributável. Porque gera empregos (mesmo que não gostemos de admitir isso) e renda para pessoas que não irão ser alcançadas pela lei fiscal.
O que os governantes fazem então?
Criam novos impostos, taxas e tributos. Porque, mesmo havendo membros coerentes e compromissados com uma proposta de melhoria da qualidade de vida das pessoas que os colocaram naqueles cargos, estes membros são minoria e não conseguem lutar de maneira violenta contra a grande muralha de corrupção e criminalidade que povoa os vários setores do poder neste País. Não se enganem, isso não é de agora. É histórico. O País fora fundado por "criminosos" e ao longo da nossa história só houve mudança de cacique, mas não de tribos.
Nós, com nossos impostos (que não servem pra outra coisa senão pagar as contas e os salários dos nossos governantes), taxas (que deveriam ser usadas na melhoria dos setores onde são cobradas) e conivência política e social é quem mantemos o País na zona caótica em que se encontra.
Nós financiamos o crime, a longo e médio prazo.
Talvez eu resolva investigar o assunto a fundo em algum estudo acadêmico, ganhe alguns louros, publique um livro e termine sentando num "trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar" com a certeza do dever cumprido. Será?!
É, parafraseando ainda Raul: "isso é uma grande piada e um tanto quanto perigosa".

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A profecia

Estava eu lendo os jornais virtuais em busca de informações sobre meu País e o mundo, quando me deparo com a notícia em destaque de uma operação da PF sobre um grupo de 22 suspeitos de estarem sacando dinheiro em quantias absurdas de contas inativas no BB.
Dentre aos supeitos, apareceram pessoas grandes, inclusive um ex-delegado da PF, aposentado.
Não sei porque ainda me desperta tamanha indignação este tipo de notícia.
Honestamente, não sei se o ex-delegado é ou não culpado, as investigações irão levantar o material que será usado pelo Juíz do caso, este sim deverá dizê-lo. Mas a idéia de que alguém que ganhou bem pra executar seu trabalho e se aposentou ganhando razoavelmente bem possa estar envolvido neste tipo de crime me deixa indignado.
Em tese, ele não teria motivos para desejar desviar dinheiro ou se aproveitar de uma situação que lhe favorecesse monetariamente, uma vez que fora remunerado pelos seus serviços de maneira razoável.
Mas a ostentação, o desejo de acumular bens, um iate, um apartamento no Guarujá, uma Ferrari, ainda são mais fortes do que o sentimento de dever cumprido?
Se fosse alguém de classe mais baixa, de baixo poder aquisitivo , até entendo (mesmo sabendo que muitos conseguem sair da lama sem depender do crime, honestamente) o envolvimento, mas um ex-delegado da PF...
Começao a sentir medo de ter desejado me tornar parte desta corporação.
Será que meus estudos foram em vão?
Será que no fundo no fundo, como já diziam os ditos populares, "bonzinho só se ferra" mesmo?
O grande Rui Barbosa, um exemplo particular para mim, disse:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Mal sabia ele que suas palavras se concretizariam com tamanha força.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Elite

Infelizmente, nesse País, os Juízes tem o péssimo hábito de não se incluírem na categoria de funcionários público, mesmo sendo inseridos na carreira mediante concurso público de provas e títulos e tendo sua remuneração efetuada a partir da arrecadação dos impostos que todos nós pagamos.
No momento em que eles deveriam atentar para o que a Constituição Federal diz sobre o acesso a Justiça, tentando amenizar a situação dos menos favorecidos e "doando" uma pequena porcentagem de sua "caixinha" em prol das Defensorias Públicas, simplesmente estas figuras, que auto-intitulam semi-deuses , do alto de seu olimpo aparecem com outro discurso de Inconstitucionalidade sem nenhum argumento ou justificativa para tal.
Claro, todos sabemos que os magistrados não podem viver sem suas piscinas "olímpicas" nem perder parte da ostentação de seus clubes só porque um fulano precisa do acesso à Justiça mas não tem dinheiro pra isso.
- Não é problema meu, a Constituição não me permite tirar parte de nosso rico dinheirinho de nossos clubes particulares em prol de menos favorecidos. Eles precisam de justiça? Que comam brioches...

Honestamente, eu não entendo como nós, povo brasileiro cansado de guerra, ainda permitimos essa "passação" de mão nas nossas nádegas.
Talvez, eu até entenda...

Sabe, é comum encontrarmos textos onde alguém aparece e diz : "a solução é assim", "a solução é assado", "devemos nos mobilizar", "se cada um fizer a sua parte..".
Na moral? Esse papo cansou.
Acho que o brasileiro cansou de conversa, só ainda não teve tempo de partir pra luta porque tem um punhado de cobrador na porta dele não dando chance nem do coitado respirar.

Cansa, viu...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sempre o Mesmo...

Domingão , típico, nada pra fazer, básico.
Estou na casa de amigos e o rádio está ligado.
Toca de tudo , Zélia Duncan a Zezé Di Camargo e Luciano.
Três músicas, começa a meia hora de propagandas...
E o ciclo se repete com aqueles anúncios incríveis de informações que não lhe são interessantes, a não ser quando você busca por elas nas páginas amarelas.
Um tempo gasto com porpagandas que poderia ser revertido em informação, cultura e entretenimento.
Não tinha entrevista com bandas, não tinha nem informações sobre o tempo.
O formato das rádios locais é completamente emburrecedor.
O mesmo acontece com a TV, o telefone, celulares, fax, telegrama, correio...
Vou continuar ouvindo música pela internet, vendo programas pela internet, falando com pessoas pela internet, porque as mídias convencionais já gastaram todo seu aparato em bobagens e atendência é a de que, com a popularidade da grande teia, elas sejam capturadas e transformadas em comida de aranha.
A lá vem a nanotecnologia para complicar mais ainda as coisas...

sábado, 13 de outubro de 2007

Nau a deriva!

O barco é algo realmente incrível, e estou falando aqui das embarcações tripuladas, desde as grandes até as pequenas barcarolas de três pessoas.
Incrível em virtude da maneira como as coisas funcionanm dentro dele.
Todos juntos, coordenados e orientados para que a finalidade da náu se concretize: chegar ao seu próximo destino. Nesse ínterim, faz-se necessário que as "peças" de seu tabuleiro estejam esclarecidas de maneira tal que seus movimentos sejam tão naturais e ordeiros que não seja necessário alguém comandando-as.
Contudo, é sempre bom que o capitão esteja atento e ciente da sua participação no momento em que for preciso assumir o timão e colocar a náu novamente em curso. E, obviamente, aqueles que não estão ajudando devem ser afastados para que a náu e os tripulantes não sejam prejudicados.
No momento da partida, é de bom tom se fazer os cálculos de todos os mantimentos, acessórios e pertences imprescindíveis à conclusão do feito. Também costuma-se planejar quanto tempo se pretende realizar a viagem e os possíveis planos alternativos de contorno e desvios em caso de emergências. Para os fatos imprevisíveis é que o capitão e sua experiência deverão sempre estar atentos.
Por vezes, ocorre motins, onde a tripulação, não contente com a forma do capitão lidar com as coisas, resolve rebelar-se e tomar as rédeas da situação. Pode acontecer do motim ser bem ou mal sucedido e levá-los onde queriam ou só piorar as coisas.
Mas o fato é que quando as coisas realmente estão feias e nem o capitão sabe o que fazer, mas não consegue assumir porque ele é o capitão, fica a cargo da tripulação resolver o problema: afundemos com o navio ou salvá-lo do capitão?
Eu não sei nadar e temos poucos salva-vidas...


Obs.: Texto originalmente publicado em 29/06/2007 no msn spaces.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Premiere...

Bom, chove em Cáceres.
E quem aqui vive sabe o que isso significa. Primeiro faz um calorão absurdo, seus trinta e oito a quarenta e dois graus. Abafado. Então, quando você se pega desejando conhecer o inferno mais cedo por estar convencido de que, no fundo no fundo, não deve ser pior do que isso, um milagre acontece.
O vento muda.
Uma brisa refrescante anuncia a tempestade que se aproxima rapidamente e com toda a força da cavalaria que vem pra te salvar.
Muito vento, muito barulho.
Relâmpago, trovões.
Muita, mas muita água.
Algumas horas de chuva e ela se vai. Dever cumprido, um abraço pra quem fica. O pessoal vem aí logo atrás.

E o calor e o bafo quente voltam.
Sim, tem diferença. Não é só calor, mas um vento quente e incômodo, você está numa panela de pressão.

Isso quer dizer que vai chover de novo, breve.

O nosso ciclo de chuvas é assim, perdura por uns 6 meses se intensificando entre Dezembro e Fevereiro.

É a partir desse lugar que eu começo a escrever aqui, neste pedaço de terra na rede. Lançando algumas sementes em solo árido, dependente de chuva. Chuvas esparsas mas que fariam o Tietê transbordar três vezes.

Esta é a primeira água, a chuva-da-manga.