terça-feira, 21 de dezembro de 2010

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O amor nos tempos dos programas policiais no almoço.

O verdadeiro amor não chora,
Não sofre,
Não mata,
O verdadeiro amor não morre.

Se é implorado, não pode sê-lo
Se é humilhante, também não o é.

E a solidão?
A solidão não mata, não.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Não quero mais o sol

Nada mais triste do que acordar ver o sol me acompanhar
Todos os dias, ele vem primeiro a bater em minha porta
Como aquele furtivo e sorrateiro ladrão safado que me levou o violão e algumas patacas
Ele leva o meu tempo e o que resta de minha juventude, talvez, um pouco de sanidade também

É a chuva, minha companheira de sempre, que vem ao meu auxílio
Sempre ela, sempre jovem, impulsiva e imediata
Pois a vida é agora e já não tenho mais muito tempo

A juventude que escorre por entre meus fios de cabelo
Quando ela me abraça forte
Acalenta meu coração, sempre tão ingênuo quando se trata destas coisas

A suavidade, o carinho, so me pertencem quando a chuva faz em mim sua morada
Não quero mais o sol, este traidor, nefasto, cruel e insensível
Não quero mais saber para onde iremos nas próximas horas
É triste dormir e saber que a chuva não vem e que o sol voltará a me torturar

Confuso, prolixo, inerte, este meu algoz
Que não deixa meus verbos criarem linhas de expressão
Que deforma minhas memórias em falácias atemporais
Que me esqueceu na ordem do meu próprio dia

Não quero mais ter de prestar reverências a este sol
Nem a qualquer outro
Pois a chuva há de me perdoar as transgressões
E receberá meus cânticos por todos os seus grandes feitos

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tempus Fugit

O tempo nos foge entre os dedos
Como o próprio vento
Inútil nos preocuparmos
Se chegaremos ou atrasados continuarmos
O tempo, meus amigos, se move
Sem nossa aprovação e diante de nossos olhos
Apenas o percebemos e o ponderamos
Mas não fiquemos alardeados
Como diria o professor Cortella:
"Somos a mais nova versão de nós mesmos
Revistos e um pouco ampliados"
Sentimentos de saudades costumam procurar-me em dias como este
Onde o tempo, ao que me parece, continua seu caminhar etéreo
Trasndimensional, indefinível
Rumo às profundezas abissais do nosso universo
Por quê, então, nos preocupar?!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ainda espero...

Um ano se passou desde a correria do Festival da UNEMAT de Músicas Inéditas.
Este ano promete ser bem mais bagunçado do que o anterior.
Oras.
É de se esperar, visto que é da natureza desta dignissima Instituição, da qual eu tenho que dizer que faço parte, bagunçar as coisas de última hora.
Hoje, perdi o dia de trabalho correndoa trás da inscrição: reconhecimento de firma em cartório, cópia das letras, CDs, envelopes, responsáveis pela inscrição ausentes, desinformação básica.
Da última vez, não teve bateria (a coordenação do evento disse que bateria é a banda quem deveria trazer...pelo jeito eles acham que toda a banda deveria trzer a sua nas costas!!!) e dessa vez preveni-me ao conversar com a coordenação, avisando-os do fato.
É mais ou menos como conversar com aquela sua tia meio-surda, onde você insistentemente repete as frases e, posteriormente, ela demonstra que não ouviu/entendeu nada do que você tão arduamente tentou lhe comunicar.
Pra dar aquele toque dramático elementar, também irá ocorrer na cidade o Festival Cultural e, oras vejam só, no mesmo dia em que a UNEMAT resolveu fazer a etapa local.
Tudo tende a famosa bagunça e já sei o que vai virar.
Mais uma vez, iremos queimar nosso filme.
Pelo menos, vamos subir no palco novamente, já está de bom tamanho...espero.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Enfim, chove.

Já passam das 2 horas da manhã.
Ultimamente, isto vem fazendo parte de uma rotina da qual eu pretendo me desvencilhar o quanto antes.
Dormir tarde, acordar tarde, chegar tarde no serviço, café da manhã mais tarde e...bem, você já entendeu onde a linha do trem vai.
Por conta deste modus operandi, o sono anda atrasado, bem como minhas contas.
Sempre tem uma armadilha na próxima esquina.
Se não fosse apenas isso, o clima estava desértico e o cigarro não me dava nenhuma chance de respirar em paz.
Mas agora há pouco, na verdade, há algumas horas, ela veio.
Finalmente, ela desceu do céu com seu manto cravejado de brilhantes gotas efêmeras e voláteis, mas tão tilintantes no meu telhado que não poderia deixar de percebê-la.
Foi uma breve passagem, quase meteórica, mas foi tão deliciosa que dormirei melhor esta noite, ou madrugada...
Ela apssou como quem diz: "Não se desespere, vou ali visitar uns amigos e volto já."
Estamos te aguardando, deusa de meus melhores dias, com seu braço carregado de alívio e fertilidade em nossos corações.
Quero te ouvir logo logo cantando no batente de minha janela, para me fazer dormir e sonhar com um dia menos empoeirado.
Estamos te aguardando, com bandeiras, faixas, cânticos e instrumentos de torcida organizada, tudo para que te sintas novamente em casa e que saibas o tamanho das saudades que se arraigaram em nossos cinzentos olhos amargurados e tristonhos.
Venha logo e nos tira desta seca voraz e desumana.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Escrevendo ainda?

Às vezes eu me sinto como Douglas Adams, mas não pela genialidade - não sou nem um pouco genial no que me proponho a escrever - e sim pela dificuldade imensa que ele relatava sentir durante o processo criativo de suas obras.
Escrever é muito doloroso, dizia ele.
E assim também eu digo o mesmo.
Leva muito tempo para conseguir processar informações de maneira lógica e interessantes, pelo menos para minhas leituras futuras.
Outro fator que costuma atrapalhar é o dia-a-dia que se leva.
Uma idéia aparece, você fica pensando que seria muito interessante colocá-la no papel - força de expressão - mas acaba se perdendo nos afazeres do dia e, quando menos se espera, você lembra que tinha uma idéia muito eficaz, contudo, não faz a menor idéia do que se tratava.
Quantos textos se perderam dessa maneira.
Mas essa não é uma "maldição" que atinja apenas os que se atrevem a escrever algumas linhas, mas todo o pensamento criativo em suas mais variadas formas sofre do mesmo mal.
Com o passar do tempo, a maldição da sobreposição de outras coisas sobre o criativo espalha-se por outros ramos da vida moderna, infectando até mesmo nossas camas, nosso sono e sonhos.
Enquanto a roda da vida como a conhecemos continua a girar desembestadamente morro abaixo, ela nos leva dentro de suas pás, triturando nosso tempo e espaço de felicidades pequenas, fúteis por vezes mas tão necessárias.
Sem dó nem piedade, tudo o que fazemos acaba sendo muito doloroso em vários níveis e de muitas maneiras que chego a pensar, certamente, poderia muito bem toda essa paranóia insistente ter nascido da mente perturbada de um criador frustrado com a eternidade e a perfeição.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Produto

Existe uma névoa que tomou conta da paisagem cultural, social, política, religiosa entre outros cenários possíveis da experiência humana.
A mesmice.
Mas ela atende interesses maiores e tem um objetivo muito específico.
Ela preenche espaços que antes eram vagos para toda e qualquer manifestação possível.
Hoje, apenas a mesmice reina.
Ela infesta nossos lares por meio de vários vetores possíveis, transforma todas as nossas vontades em fonte de novos Produtos, sejam eles quais forem.
O Produto, esse elemento presente no nosso dia-a-dia de maneira tão intensa e ainda assim quase imperceptível devido a banalização de seu conceito.
Gosto de tomar como exemplo a música, que é onde o Produto atingiu o estágio máximo de volatilidade planejada.
Surge um grupo do seu estilo musical predileto. Alguém percebe que eles conhecem a fórmula do produto muito bem, mas precisam ser melhores trabalhados. O empresário, gravadoras e demais dententores dos meios de transformar este grupo num Produto de 'excelente' qualidade (de acordo com os parâmetros do mercado, relação custo/benefício, etc) fazem a lição de casa e o grupo, agora mais um Produto, chega onde se espera: nas residências dos consumidores ávidos pelos novos produtos.
Contudo, o Produto sempre tem a mesma composição, afinal, não seria interessante entrar no mercado com um produto que fosse totalmente diferente. Se o sabão em pó Xoxo tem o elemento X, os fabricantes do sabão em pó Toto irão desenvolver um elemento T como diferencial, mas todo o resto será o mesmo e os efeitos do produto deverão se mostrar extremamente parecidos, a não ser pelo preço obviamente.
O Produto precisa seguir a Fórmula, por ser ela o mais eficaz e adequado método para se obter o desejo dos Alquimistas Minoritários.
Não há que se falar em plágio, cópia ou outra palavra que possa dar a idéia de que os Produtos são magnificamente iguais. Não, os Produtos são vendidos com eslogans vivazes, propagandas coloridas, dilúvios de sensações de uma satisfação que até agora nós não tinhamos. E todas nos dão a impressão maravilhosa de que são Produtos diferentes em sua escência e que ninguém dá o 'colorido mais colorido'.
E assim, a névoa ancorou em nossos sonhos e nos sussurra doces mentiras e fetiches de consumo que nunca os teríamos se não fosse pelos interesses dos Fabricantes de Produtos em fazer com estes cheguem até nós.
Novos modelos de carros, de bandas, de comidas, roupas, educação, de prazeres, de medicamentos entre outros, nos são apresentados diariamente para nos dizer que nossa vida não presta se não temos o Produto.
Enquanto nos deslocamos em direção à proxima loja de Produtos, a névoa continua sua jornada silenciosa de avanço e conquista no imaginário e coração dos pobres seres humanos, escravizados e impotentes diante da monstruosidade que nos fizeram viver a tanto tempo.
Ainda assim, estes laços permeia nossos genes, nossa história de vida, nossas opiniões.
E não temos a menor possibilidade de nos afastarmos dela, assim me parece.

terça-feira, 25 de maio de 2010

"Posso dormir aqui com vocês?!"

Eu não conseguia dormir.
Ficava vendo as sombras nas janelas numa dança frenética e violenta.
Pareciam querer destroçar os vidros que as separavam de meu quarto.
Assustado, levantei-me e, tropeçando em móveis e objetos desconhecidos espalhados pela casa, tentei alcançar o quarto de meus pais.
Posicionei-me cuidadosamente do lado de minha mãe e, cutucando-a levemente, perguntei se poderia dormir com eles.
Ela acordou um pouco grogue, mas percebendo que eu estava amedrontado e que não iria dormir de outra forma ela, cuidadosamente, colocou-me no meio dos dois.
Deu-me um forte abraço e me cobriu com carinho e cuidado.
Eu tinha 6 anos de idade.
A maior parte das pessoas, e eu me incluo neste grupo, vive suas vidas da melhor maneira que puderem.
De acordo com a lei do sistema em que nos encontramos imersos, somos obrigados a nos virar sozinhos a maior parte do tempo.
Embrutecemos nossas fisionomias para nos dar uma sensação de que estamos seguros e que nada irá nos atingir.
Fingimos a maior parte do tempo em boa parte de nossas iterações sociais.
Passamos a mensagem de que estamos bem e que podemos, até mesmo, ajudar alguém que se encontre em situação difícil.
Mas temos aqueles dias em que nossos escudos parecem estar avariados e nosso sistema reserva de energia encontra-se no fim de sua carga.
Em momentos como esse, que são raros de acontecer mas nem por isso são menos intensos e violentos, ficamos completamente sucetíveis a qualquer um e qualquer coisa que possa vir a nos ferir.
E tudo o que mais precisamos é de um colo confortável, amável e seguro.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Escrevendo

Acho muito melhor escrever do que falar.
Dividir palavras com as pessoas costuma ser de grande auxílio, mas boa parte do tempo a comunicação verbal consegue ser apenas um amontoado de idéias tentando serem filtradas para fazer algum novo universo de significado.
E nem sempre o resultado é o esperado.
Mas na escrita, as chances de sermos mal-interpretados reduz-se significativamente.
Não que não haja interpretação do que se escreve (apenas repare na Bíblia e perceba as centenas de versões existentes, além das interpretações inumeráveis que os sacerdotes das mais variadas religiões lhe atribuem) mas quando a escrita consegue ser algo mais elaborado e com poucos (ou nenhum) uso de simbolismos o campo da interpretação se resume drasticamente.
Por isso, mesmo que com certa descontinuidade, eu escrevo.
De tempos em tempos preciso por para fora de minha cabecinha sujinha, pervertida, medíocre, nefasta, mundana, vil, sonhadora, pacata, violenta, enfurnada, acomodada, instável e imprevisível certas coisas, sejam elas o que forem.
Estou puto, putaço mesmo.
Estava conversando com uma pessoa que respeito muito, mas que não me tem na mesma régua.
E depois da conversa ficou meu óbvio que já deu o que tinha que dar.
Cansei de ficar me fazendo de idiota útil.
Leal, amigável, compreensivo e companheiro - mas descartável.
Ninguém que se ame o suficiente aguenta este tipo de tratamento muito tempo e minha cota já estourou.
Vamos, eu e meu ego, nos dedicar a coisas muito mais importantes do que prestar reverência a pessoas que não merecem nem uma fração daquilo que o gato enterra.
Normalmente eu odeio pessoas, fato. Não gosto da maneira como se organizam, como atribuem suas esperanças nas mãos de um salvador (seja ele político, social ou religioso), a forma como se afastam de suas necessidades e realizações em troca de alguns minutos de entretenimento barato e vulgar, como lidam com a vida ao dizerem que não tiveram 'oportunidades' e por isso vivem do jeito que vivem.
Odeio pessoas, aglomerações desnecessárias, cultos, convenções, protocolos e o exercício de inflamação constante do ego.
Mas, infelizmente, vivo nesta sociedade e (até o dia em que eu encontrar um jeito de sair dela - por bem ou por mal) preciso jogar de acordo com as regras.
Finjo bem a maior parte das interações sociais.
Sorrio quando alguém sorri pra mim, cumprimento pessoas nas ruas e no serviço, faço piadas e converso sobre futilidades, faço de conta que estou ouvindo o que elas tem a dizer e que me interesso de verdade por seus problemas e sua forma de verem o mundo.
Eu as observo de meu observatório comodo e intangível, que as pessoas chamam de meu corpo.
Intangível, porque mesmo ele sendo afetado, não muda o fato de como penso e vejo.
E desse lugar onde estou, tão bom quanto qualquer outro, eu me enclausuro o melhor que posso.
Resta-me apenas esta forma de sair um pouco deste ambiente que eu escolhi como sendo meu lar nesta existência (e espero, de verdade, que não existam outras).
Eu levo muito tempo para entender pessoas, comportamentos e às vezes preciso me relacionar com elas um pouco mais do que deveria.
Nesse ínterim, algumas passam a ser amigas, por compartilhar visões e comportamentos, por sermos universos parecidos. Mas boa parte do tempo é mero desperdício de tempo e nerotransmissões.
E eu cansei de perder meu precioso tempo com algumas pessoas que agora passo a simplesmente ignorar no meu universo.
E a vida continua.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

7%

Esta semana eu vi a reportagem no telejornal a respeito da discussão no Governo Federal sobre a recomposição no vencimento de aposentados.
Mais um motivo para me sentir enojado com a forma como as coisas acontecem neste país de fezes e injustiças mil.
Você, indivíduo que nasceu razoavelmente pobre, trabalhará a vida toda, irá pagar toda a sorte de tributos, contribuirá para a Previdência, será extorquido de toda a vitalidade até o momento em que será jogado para escanteio e irá, finalmente, ter algum descanso.
Não é bem assim.
Sua posentadoria mal será capaz de lhe assegurar o pagamento das necessidades mais básicas. Medicamentos então, será uma escolha difícil.
E estes nobres homens estão discutindo sobre aumento de 7% para aposentados, enquanto eles, a nobreza, trabalham 10 vezes menos, ganham 20 vezes mais, recebem todo tipo de auxílio financeiro, 13º até 15º salário, e se aposentam em menos tempo, muito menos.
Tem algo de muito errado no reino da alegria chamado Brasil...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Entrar pra dentro, sair pra fora...

Eu havia pensado em algo bem interessante (pelo menos para mim!) para escrever, mas sabe quando o dia passa, você acaba escquecendo-se de anotar algumas coisas e quando vê já nem se lembra ao certo do que iria fazer (ou escrever, neste caso em específico).
Prá variar, isso costuma acontecer quandoe stou navegando no PC ouvindo música e com algumas coisas rolando no trampo. Ao mesmo tempo.
Lógico, uma cabeça como a minha, deficitária de boas idéias e preguiçosa por natureza, sempre apronta uma dessas com minha atarefada e ignóbil persona.
Mas o fato é o seguinte: estou cansado.
Se fosse pelo excesso de trabalho talvez me fosse possível dormir melhor a noite.
Pelo contrário, serviço é zero.
Ultimamente não acontecem nem ligações por engano para a minha sala.
Passo boa parte do tempo lá fora, curtindo as árvores (somos nozes...infame!), tomando um café (e não pago a cota, tenho meus princípios, oras!), recebendo ofícios e malotes (!?), fumando muito (!!).
Mas na sala do meu setor, onde eu deveria estar fazendo valer o meu salário, passo pouquíssimo tempo.
É deprimente, sejamos honestos, ficar 8 horas por dia num serviço onde a palavra não define o que é: pode ser qualquer coisa, menos serviço.
Queria eu dizer que sou eu quem está fazendo corpo mole, mas não é.
Juro.
É uma daquelas aberrações do sistema que nos permite fazer qualquer coisa, menos o que se deveria, a fim de protegê-lo.
Explicação?
Sinto muito, to no meu horário de descanso (passando da hora de dormir) e amanhã acordo cedo para voltar ao incrível mundo de Taiça Caveirão, coçando e brincando de funcionalismo público.
Deve ser algum pesadelo Surrealista.
Daqui a pouco, tenho certeza, começa a chover livros com asas escritos em branco.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ai que endurecer?

Tarde da noite, preparando-me para domrir.
O tão celebrado descanso, cair nos braços de Orfeu, entregar-se à navegação de meus sonhos, permitir a construção noturna de meu quebrado corpo triturado na ociosidade rotineira de mais uma (quase) infindável segunda-feira.
Já li os últimos posts dos amigos, dos inimigos e dos que tem alguma coisa pra dizer vindo dos mais variados cantos deste rincão cibernético de meus deuses pagãos.
Mas o derradeiro caminho para a Barcarola do São Francisco me veio após alguns minutos do documentário Zeitgeist - Addendum (disponível no youtube prá quem quiser dar uma conferida).
Como o próprio nome já diz, é um adendo do Documentário Zeitgeist, celebradíssimo e extremamente controverso na visão dos crítico (leia-se:crentes).
Achei de extremo bom gosto e violento (como sempre) ao demonstrar e buscar as raízes de nossas crises econômicas e, acho que é o que mais me intrigou, argumentando sobre a nossa escravidão capitalista.
Ok, parece papo de comuna-idealista-utópico (o que já fui um dia, oras!) mas o documentário não tem nada disso: é muito mais interessante.
Infelizmente, acabei dormindo na terceira parte (cansado demais, cacete!!), mas espero poder vê-lo na íntegra amanhã.
Contudo, já posso ficar grilado com algumas novas informações (novas pra mim, pelo menos).
Eu não sabia que o capital gerado pelos bancos nasce do nada, com base numa dívida.
Não sabia que o valor do dinheiro não está mais representado pelo ouro ou outro objeto de valor, mas num conceito de Flutuação onde o dinheiro recebe parcela do seu valor da quantidade de dinheiro circulando (pelo menos, foi o que eu consegui entender antes de começar a ver trechos sonolentos...).
Se eu pude entender alguma coisa é a seguinte: é um ciclo que aumenta de tamanho, dívida gerando valor, gerando dívida que gera novo valor, ciclicamente.
Ou seja, o ideal é que os países continuem devendo para que os proprietários do capital continuem gerando mais capital.
Também, e mais preocupante, o documentário trata do assunto Assassinos Econômicos e do que se trata esta figura.
Indivíduos utilizados para negociarem a corrupção dos líderes de alguns países, a fim de fazê-los endividarem-se e abrirem o capital para os "que emprestam".
Golpes de Estado como os que aconteceram na Bolívia, Venezuela e Iraque (com a deposição e morte de Saddam Husseim) não são manifestações da vontade do povo (meu caro Wattsom) como a mídia nos tenta vender esta informação, mas parte da tática dos Assassinos Econômicos em tornar aquela nação mais uma colonia escravizada pela dívida.
Estou assustado, sei o que nos aguarda em pouco tempo.
O Brasil é rico em reservas naturais de fauna e flora, além de estarmos em cima de boa parte do aquífero Guarani e, prá completar o pacote, encontramos o Pré-sal.
Logicamente, os olhares dos capitalistas, detentores de boa parte de todas as riquezas produzidas, estão mais do que arregalados sobre nós.
Certamente, haverá conflito, seja ele político ou armado, e nós estaremos sendo usados como peças num tabuleiro de xadrez viciado pelo atual sistema.
Como sair dessa?
Acho que vou pedir pro meu velho me dar algumas lições de sobrevivência urbana, se é que você me entende...
Particularmente, eu sou contra a utilização de armas de fogo, mas, nunca se sabe quando a "Caça às bruxas" poderá cair no nosso quintal, certo?!
O seguro morreu de velho, Tio.

De novo outra vez agora o memso

Eu ando numa maratona de séries e filmes durante as madrugadas e um pouconos finais de semana.
Mentira, no final de semana é que eu me acabo mesmo!!!
É que eu venho do tempo do canal aberto, e muitas das coisas que eu gostava passaram muito pouco na tv.
Mad about you, Dead like me, Seinfeld, Star Trek e por ae vai.
Estou há 10 anos sem televisão e não sinto falta, porque eu me encontrei com a internet e foi um mundo totalmente novo para mim.
Tenho acesso à informação que eu precisar, entretenimento do meu número, música e cinema na medida certa de minhas expectativas e muito mais.
Não creio que a internet seja a solução do problema da fome, guerras e abusos os mais variados cometidos contra nossa sociedade e com a conivência desta, mas acho ela um ferramenta mais do que fantástica para esses fins.
Tudo é uma questão de se explorar as possibilidades.
Por enquanto, a internet gerou uma divisão de novas classes: os que tem acesso e os que nunca ouviram falar.
Um dia a internet será com a águ e luz em nossas casas, e o computador pessoal mais acessível e interessante que uma tv de 29''.
Mas para que isso aconteça, levará algum tempo e uma mudança na política do acesso à informação deverá ocorrer.
Também uma mudança na educação, afinal, operar um computador é tarefa que deixa as pessoas mais afastadas da tecnologia com receio de cometer algum erro fatal na frente do dispositivo.
Por enquanto, cerca de 69% dos brasileiros tem a tv como sua fonte primária de entretenimento e informação.
O que nos deixa reféns dos meios de comunicação de massa.
Sabemos o que eles nos deixam saber, opinamos com base nas opiniões que eles nos mostram, votamos de acordo com a cartilha que eles nos permitem ver.
Mas o que o fato de eu estar assitindo séries em demasia tem a ver com o resto do post?
É que de vez em quando eu também preciso me alienar por alguns instantes, senão a realidade acaba fritando meu cérebro e eu nem percebo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sistema de vida miserável

Ela era extremamente neurótica.
Tinha um pavor irracional de ser atacada a qualquer momento por indivíduos desconhecidos vindos de algum lugar para lhe fazerem algum tipo de maldade.
Trancava a porta, as janelas, ligava o sistema de alarmes comprados pela internet e configurados pessoalmente a fim de não dividir com ninguém os segredos do dispositivo, conferia a porta, testava as janelas, tentava desarmar os dispositivos com métodos que, segundo a crença dela, talvez um ladrão ou estuprador pudesse tentar utilizar.
Sua vida era de uma sistematicidade monstruosa e quase infalível.
Era normal que ela acordasse às 6:35, perdesse dois minutos se espreguiçando e desejando não acordar mais, 6:40 já estava debaixo do chuveiro escovando os dentes e matutando quais as tarefas do dia, 6:55 estava tomando sua refeição matinal de cereais e frutas, 7:00 estava na estrada no seu pequeno automóvel parcelado em 70 suaves parcelas, 7:40 estava no serviço e batia o ponto religiosamente às 7:45.
Daí em diante, tudo seguia ritos e metodologias complexas para manter sua sincronia com o que ela gostava de chamar de "seu mundo".
Dificilmente aceitava alguma atividade que estivesse fora de sua alçada e que tomasse algum tempo a mais no seu cronograma.
O chefe já nem ligava mais, apenas lhe dando as tarefas costumeiras das quais ele sabia que ela era imprescindível: agenda humana de eficiência total e atendimento telefônico paranóico.
Ela detestava atender o telefone, mas era paga para isso e se sentia na obrigação de bem fazê-lo.
Pensava nos sinais sonoros que aquele aparelho costumava lhe impingir em seus cansados e preocuados ouvidinhos.
"Malditos sinos" - pensava. "Ainda queimo todos os circuitos dessa budega!"
Falava poucos palavrões e dificilmente se relacionava com os parceiros de trabalho.
Era ela e somente ela imersa naquele mundo que não era o seu.
Tinha vontade de escapar para a segurança confiável de sua residência, mesmo temendo pelas possíveis falhas (e estando preparada para a maioria delas). Era lá que ela podia ser ela mesma, estar viva e confiante de suas possibilidades dentro daquelas imensas quatro paredes que lhe davam a confiança para continuar mais um dia de vida, nisto que ela costumava chamar de "tortura necessária".
Cumpria os protocolos sociais: sorria ao dizer bom-dia, apertava a mão de alguém que lhe desse a mão, dava tchau para se despedir, etc.
Mas até mesmo seu protocolos de coexistência pacífica poderia ser quebrado quando a situação exigisse: um sorriso diferente ou escandaloso, uma mão pegajosa, um volume no bolso da calça do rapaz galçanteador(sim, ela prestava atenção, mas pelos motivos errados, digamos dessa maneira - procurava armas!).
E assim, vivia sua vida, perfeita como um relógio.
Tão previsível quanto a programação de domingo na tv aberta.
Chegava em casa por volta das 21:32 e tomava seu banho demorado, sempre começando pela cabeça e terminando com os pés.
Enxugava-se e, às 22:00 já estava jantando algum alimento congelado.
Vestia suas roupas de dormir e se deitava às 22:15, quando começava a bocejar, virava de lado e caia no sono.
Às vezes, ela sonhava.
E em seus sonhos ela frequentava mundos diferentes, tomava decisões diferentes, podia voar, destruir as coisas com apenas um pensamento, podia ficar sozinha no planeta e ser feliz a sua maneira, sem medos e receios. Nem protocolos.
Ao acordar as 6:35, ela sempre deseja não estar acordada enquanto se espreguiça por dois demorados e sonolentos minutos antes de recomeçar a rotina da programação que era sua vidinha sistêmica e previsível.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

No tempo do "eu acho"

Pois então, todo mundo "sabe tudo, explica tudo", parafraseando Raul (até eu tenho um blog...).
Mas é bem por aí mesmo.
Tava lendo alguns blogs e vendo comentários em youtube e outros sites sobre o programa "É tudo improviso", que eu, particularmente, gosto muito.
O programa ainda está em fase de adaptação, tentando encontra-se no melhor formato possível, mas muitas das coisas que dão certo são as transportadas do teatro.
Contudo, os comentários das pessoas giram em torno da "voz do Márcio Ballas" ou da Banda Paraquedas, ou da cor do cenário, ou de que é uma imitação do programa da MTV (que por sua vez é uma imitação do show de teatro que já era uma imitação do programa americano, que era uma imitação de uma idéia britânica...e por ae vai!)
Não gostei da banda, não ligo pro cenário, adoro o Márcio Ballas (e aquela voz de pato dele deixa tudo mais escroto ainda, por isso é legal), mas é só a minha opinião.
Não significa que o programa seja, ou não, bom.
Agrada meu paladar e, certeza, de centenas de pessoas que já estavam fartas de Zorra Total, Show do TOm, Praça é Nossa, Pânico entre outros formatos já vencidos e rançosos, e pessoas estas que, em sua maioria, não tinham acesso ao teatro.
Creio que devamos aproveitar o que está nos sendo ofertado e analisar posteriormente, no final do período, contabilizando erros e acertos para só então emitirmos uma opinião realmente decente e abalisada.
O resto é achismo.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O que falta?

Para que se apliquem novas regras de aplicação da lei, uma revisão dos parametros morais sobre vida e morte?
Para que a corrupção seja entendida como um crime hediondo contra a sociedade e vistos como pessoas comuns, acabando-se as mordomias originadas em nosso suor?
Para que as pessoas percebam que o mundo é um lixo porque todos somos os (ir)responsáveis que deixaram todas as coisas sairem de seu eixo normal, aceitando a dominação, a corrupçãao e a ganância como propostas de vida e realização pessoal?
O que é que falta, afinal, para que saiamos de nosso sofá confortável e imune para resolvermos nossos problemas de uma vez por todas, sem a ajuda dos ladrões de gravata, sem medo dos criminosos anti-sociais que nos obrigam a temer passear nas ruas, visitar os amigos, ajudar as pessoas sem desconfiança?
Eu não acredito no fim do mundo, apenas no final de nossa civilização e, de coração, eu torço pra que isso aconteça.
Afinal, nós não merecemos pertencer à esse lindo universo.
Quando desaparecermos, o mundo ainda estará aqui e, como sempre tem feito, vai fazer plano de fundo para a existência e manutenção da vida.
Só que desta vez, sem as ervas daninhas: NÓS.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sem saco

Ando sem saco para escrever, desabafar, criticar, elogiar, participar ou me abster.
Ando realmente sem saco em fazer parte de alguma coisa, seja ela o que for.
Não quero fazer parte nem de minhas rotinas, de meus planos, de minhas vontades e desânimos.
Gostaria de, por alguns momentos, ser algo, ser simplesmente.
Existir, sem consciência, sem experiência, mero expectador imerso na "mistureba generalizada de todas as coisas" (quem lê DNA sabe do que se trata).
Gostaria de ser uma pedra, capaz deresistir ao tempo e de transformar-me com ele, daptando minhas novas estruturas aos contornos da paisagem.
Poder estar ali, sem significar absolutamente alguma coisa.
Ando descontente com a existência, mas não penso em querer morrer ou coisa que o valha.
Não gosto e não entendo a maneira como a vida evoluiu de formas tão perfeitamente adaptáveis para esta forma cretina, mesquinha, pobre, ignorante, volátil e fraca que é o ser humano.
Entendoo proceso evolutivo, só não entendo por que nós somos o conceito de evoluídos.
Nossa inteligência e capacidade de percepção da realidade um pouco diferente da dos outros seres vivos nos deu uma ilusão de autoridade sobre tudo o que existe.
Nós nos consideramos o centro de tudo o que é real, e fora de nossa realidade nada importa.
É muita arrogância acreditarmos que fomos criados com um propósito e que os animais e plantas estão aqui para nos servirem de abrigo e alimento.
Estamos todos no mesmo pacote: todos queremos sobreviver.
Mas o desrespeito pelo outro, seja ele o que for, é do tamanho da megalomania humana.
Eu gostaria de ser uma pedra, de me transformar em poeira e, em alguns milênios, fazer parte do movimento infinito dos desertos.
Gostaria de poder contemplar o surgimento de novas espécies, estar ao lado delas, acompanhar o desaparecimento humano e o retorno da segurança da vida de todas as outras espécies que hoje vivem sob ameaça.
Ando sem saco para ser humano, apenas gostaria de fazer parte do universo, imerso nele, disforme, incolor, insípido, transparente, inodoro, anti-material.
Deve ser a ressaca das festas defim-de-ano.