quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Anos a fio

Eu gostaria de saber, de verdade, como foi que isso aconteceu.
Como, em que momento de nossa história, nos tornamos tão dependentes dos bancos.
Somos tão dependentes deles que chego a acreditar no dia em que na constituição a sua proteção será colocada como cláusula pétrea, ao lado do direito a vida, por exemplo.
Eles nos roubam diariamente, omitem dados, criam taxas pra tudo - taxa por atraso, taxa por multa, juros por atraso da taxa de multa, multa por juros na multa de atraso - nos levando a verificarmos nossos extratos com frequencia, e, olha que beleza, gerando novas razões para sermos taxados.
Além disso, os Governos do mundo são também mortalmente dependentes dos bancos.
Fala-se em economia mundial, no seu bem-estar, por isso devendo cuidar da saúde dos bancos.
O nosso dinehiro, chorado, suado, sofrido, lastimado, que nos recusamos a entregar para o Estado porque sabemos que nem sempre será destinada a sua utilização para a manutenção de nossas necessidades sociais, esse dinheiro é entregue de mãos beijadas para os bancos, para a sua manutenção, para a continuação de sua existência.
Como um câncer.
Então, são três as intituições que mantém a lógica, a mecânica do nosso sitema funcionando a pleno vapor até o nosso esgotamento vindouro: religião, estado e bancos.
A primeira, nos mantém num estado letárgico, num "coma" social, nos impedindo de ver a verdade que nos rodeia desviando a atenção para algum ser invisível e nos dando falsas esperanças num futuro pós-vida (já que esta encontra-se toda absorvida pelos interesses dos três poderes).
O Estado, tem por função criar leis e organizar as pessoas de maneira tal que acreditemos que sua existência é necessária para a nossa própria existência. Ele alega ser importante para a manutenção da Ordem, bem como a única instituição capaz de levar o ser humano a seu grau máximo de realização social. É comum o Estado inventar discursos, e embasá-los nas mais variadas teorias, que tentam justificá-lo, definí-lo, para que o aceitemos sem discussão. No final das contas, acabamos discutindo sobre políticos, não sobre política. Nos rebelamos contra aquele Governador que não fez o que deveria ter feito, o Senador que desviou milhões matando centenas de pessoas nas filas de hospitais. Acabamos por acreditar que o voto tem poder e é a única ferramenta capaz de transformar esse quadro, quando a verdade é uma só: o Estado é o problema. Ele segue uma lógica que tem por fundamento o "foda-se o social, eu preciso continuar existindo".
E os bancos. Guardam nosso dinehiro, negociam com ele, "brincam, esticam e puxam", fazem ele se transformar em mais dinheiro e nos cobram por isso. Nos oferecem vantagens e serviços incrivelmente dispensáveis a nossa existência, nos iludindo de sua necessidade.
Também são conhecidos como "os verdadeiros três poderes".
E aceitamos essa exploração por parte de cada um deles.
Simplesmente cruzamos os braços e nos guardamos nas nossas mentes toda nossa frustação e inadaptabilidade em relação a este sistema.
E não conseguimos fazer nada porque fomos levados a acreditar que não temos ferramentas para tal.
O espírito de alienação nos afetou de tal forma que mesmo os pensadores e críticos deste sistema cruzam os braços e ficam impotentes diante de tão grande máquina.
Todo nosso potencial criativo-humano reduzido a trabalhar 8 horas por dia, com uma ou duas de almoço, chegar em casa, ligar a tv, assistir à algum programa tosco sobre informações desnecessárias às nossas realidades, mas que nos mantém longe de nossos problemas imediatos.
Essa é nossa vida.
Somos escravizados pelo imediato.
E é assim que o sistema nos mantém trabalhando para mantê-lo: nos dando esperança de que se assim continuarmos, conseguiremos nossa casa, nosso carro, manter a vida e educação de nossos filhos, nossas férias, nossa aposentadoria e nossa morte tranquila.
Sendo que para cada uma dessas coisas eles, os três poderes (que são os verdadeiros poderes de manutenção do sistema), nos cobram alguma coisa: impostos, culpa, retribuição.
A coisa funciona de maneira tão densa e imersa em nosso cotidiano que não nos é mais possível vê-la como vemos as cores.
E esse exercício de "visão" está sendo cada vez mais combatido pelos três poderes.
O Estado alega estar tentando melhorar a educação nos Países, quando na verdade somos sucateados, tendo acesso à escolas que nos ensinam tudo, menos a ver.
A Religião, nos afastando cada vez mais de nós mesmos, de nossas necessidades humanas para (em vão) atender nossas necessidades espirituais, que nem ao menos sabemos se existem ou não tais coisas. Simplesmente acreditamos.
E os Bancos, ah, esses safados ladrões outorgados pelo Estado!
Falo dos Bancos como uma entidade repesentativa. Aqui englobam-se todos os que vivem da especulação, da transformação de espectativas em capital, mas em cima de capital alheio.
E vamos sendo roubados, amansados e encaminhados no brete para sermos sacrificados diariamente a fim de manter a mesa dos três farta e cheias de guloseimas. Enquanto isso, eles nos desejam um feliz natal e um ano novo cheio de esperança para que seja possível continuarmos anos a fio trabalhando, trabalhando, trabalhando....

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ao eterno Capitão


Ó Capitão, meu Capitão!
Sei que agora já não és
Mas gosto de pensar
Que em outros mares há de navegar

O descanso tão merecido,
Pelos caminhos trilhados
Pelos combates vividos
Tantas vezes em vão,
Mas sempre em verdade.

Ferro e fogo
Enfrentastes, meu amigo
Mas foi pelas mãos nuas
Que conheceste o desespero
E a decepção em acreditar

Ainda assim, o levantar!
O bradar feroz
E o desejo de continuar
De conseguir mudar
O mantiveram de pé
Mesmo nas derradeiras passadas.

Tenho em meu coração
Que não ficaram mágoas
Apesar de tudo
E que viveu como quis:
Intenso e único.

Gostaria de acreditar que um dia
Possamos voltar a trilhar juntos
Com todos os nossos bravos
Os caminhos que desconhecemos.

Meu exemplo
Meu amigo
Meu Capitão

Boa viagem!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Apenas escrevendo

Sei que viagem no tempo não é possível, apesar de gostar muito dos filmes do gênero.
Sei que não existem deuses, de qualquer mitologia , cor ou liturgia, mesmo que existam milhares de pessoas que os sigam e juram poder demonstrar suas existências.
Sei que é possível viver num sistema de organização social diferente, livre do Estado, dos governos, juizes, advogados, policiais, forças armadas, dinheiro, leis, normas e regras degeneradas e inadequadas, sendo todos estes corruptos, conscientes disso ou não.
Mas sei também que existe um medo gigantesco de que as coisas mudem, por medo de que no processo de mudança alguma coisa importante se perca.
Medo infundado, mas muito presente, não só no nosso País, mas em muitos outros.
Sei que sozinho não posso fazer nada além de dizer o que penso e com atitudes orgânicas viver minha vida da maneira que acredito ser possível que outros vivam. Alguns observam e tentam fazer o mesmo, outros, apenas ignoram a possibilidade e organizam uma crítica destrutiva para sentirem-se bem em sua condição mínima de ser humano.
Sei que não existe um significado absoluto para a vida, que não existe vida após a morte nem outras vidas sucessivas para aprendermos ou pagarmos alguma dívida.
Sei que não existem pessoas felizes, apenas estando felizes em alguns momentos, talvez mais vezes que outros.
A felicidade não é um lugar onde se deve chegar, assim como o passado não é um lugar onde se possa voltar.
A morte é nossa única certeza absoluta, ficando apenas na expectativa do momento em que ela virá e que, para alguns, será o momento da verdade.
Pena que este momento é único e não haverá ninguém lá para compartilhar seus últimos segundos.
Nos tornamos eternos sem podermos aproveitar essa eternidade, visto que atingimos esta condição para aqueles que ficaram e mesmo assim, apenas enquanto eles puderem nos transmitir, em forma de lembranças, histórias, fotos, imagens, feitos.
Um filho é uma tentativa de eternizar-se, então, mais uma atitude egoísta.
Trazer uma nova criatura para compartilhar da miséria humana, não sei se é certo.
Não sei se existe o certo, acredito no adequado. Um eufemismo para "o certo para minhas necessidades".
Não tenho ilusões de grandeza nem de realizações históricas.
Quero viver meus últimos dias da melhor forma que eu conseguir, aproveitando essa minha única oportunidade, produzindo, compondo, cantando, amando, sofrendo, dormindo e acordando para um novo dia até o fatídico momento de dizer adeus sem ter tempo para dizê-lo.
Sei que não existe esperança de uma mudança urgente no pensamento humano, sendo um longo e doloroso processo que irá arrastar para a cova centena de milhares de pessoas até o intante do colapso mundial, quando a saída será o advento de uma consciência empática e o sofrimento de um será o de todos.
Pessoas morrem.
Ideologias morrem.
Certezas morrem.
Deuses morrem.
Valores morrem.
Enquanto uma boa parcela da população mundial se perde em grilhões morais que por eles não foram forjados, uma pequena minoria de individuos que sabe manipular o sistema e suas inúmeras falhas continuam em seus lugares sagrados, escondidos, vivendo todos os seus sonhos de consumo e de prazeres dos quais você e eu apenas ouvimos falar.
Somos roubados, furtados, violentados, humilhados e abandonados diariamente por todos os meios de comunicação, poderes consituídos e instituições.
Mas já faz tanto tempo que nos acostumamos e não percebemos a simples realidade: nós nos transformamos nessa sociedade por culpa única e exclusivamente nossa.
Porque durante muito tempo acreditamos nele, o defendemos, o elogiamos e veneramos.
Nos mínimos detalhes do seu dia-a-dia o sistema está enraizado tão profundamente que torna-se quase impossível não fazer parte dele, mesmo tentando abandoná-lo em vários setores de nossa vida.
Voltar ao campo não é a solução.
Criar novas indústrias, aquecer a economia, melhorar os investimentos na geração de empregos e possibilitar uma melhoria na relação de consumo, trabalho e emprego não é a solução.
Educação, saúde e qualidade de vida também não o é.
Porque não existe A solução, visto ser o problema sistêmico.
Ainda assim, devemos lutar por saúde, educação e melhores condições de emprego na busca de qualidade.
É só o que podemos fazer por enquanto.
Mas e daí, onde eu quero chegar com tudo isso?
Lugar nenhum, e você?
Só estou escrevendo, maisum texto perdido na net, nos rincões binários desta rede-de-meu-deus.
Nada mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Inventamos todo tipo de teoria para nos explicar sobre quaisquer coisas.
De onde viemos, por que estamos aqui, por que me atrasei, por que não telefonei, por que não me preocupo, por que me preocupo.
Ficamos embevecidos em nossa própria capacidade de nos percebermos vivos que não nos damos conta de que isso por si só é incrível.
Precisamos de mais.
Mas não somos muito dados a nos criticar nem entender, logo, precisamos de ferramentas que nos auxiliem no processo de entendimento.
E é quando geralmente nos afogamos mais um pouco na ilusão de que somos importantes para uma certa ordem universal.
Quando a verdade simples e óbvia é uma só: não existe significado algum, a não ser o que nós mesmos nos damos.
Logo, aquele ditado sobre sermos responsáveis pelo nosso próprio sofrimento mostra-se ser mais do que verídico.
Necessário.
Quando você irá decidir que é o momento de tomar as rédeas de sua vida e cuidar dela como se fosse a única que você tem, o que também é verdade?

domingo, 13 de julho de 2008

Só a verdade

Em algum momento
Todos procuram
Um sentido
Preencher o vazio

Correndo desesperadamente
Para os braços de alguem,
Para um vício
Ou um deus triste

Porque é fácil
Não ver o óbvio
A sujeira embaixo do tapete
Que todos os dias
Nós ajudamos a esconder

É simples
Fingir que existe algo maior
Que nos explique
Justifique
Entenda
Que nos ame e aceite

Um próposito

Mas naquela hora derradeira
Quando a luz se vai
Quando sua odisséia termina
Não existe ninguém

Só você.

Ninguém aprende por você
Ninguém ama por você
Ninguém entende por você
Ninguém morre por você

Eis a verdade
Nada mais que a verdade

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Perdoa aí o mal jeito!

Ainda quero encontrar um jeito de dizer
Que me perdi na sessão de frutas e verduras
E o quilo do tomate estava me implorando
Para levá-lo prá casa....

Desculpe a demora e a falta de capacidade
Em te ligar avisando
Que iria chegar tarde em casa

Mas sabe como é a tecnologia
Não vem de berço e eu tenho medo
De apertar um número e tudo se perder...

Perdoa ai o mal jeito
Mas o tio da vendinha resolveu me cobrar
Aquele Real, e foi osso convencê-lo
Que a coisa tá feia
Precisei mostrar as duas últimas contas atrasadas
E a carteira!

domingo, 18 de maio de 2008

Vidinha


A gente vive até que bem!
Não tem asfalto nem luz,
mas tem alguma coisa no prato
além da vontade de mais

O prefeito disse que vai ajudar
Brigaram na câmara, os vereadores
agora vai, eu sei

Meu pai acha que não
que as coisas não mudam
a vida não é assim!

Minha mãe diz que sim,
Que meu pai também mudou
que só podemos ter esperança

Não tem tv, mas tem o vizinho
prá papear sobre o gás, a atriz que casou
o "Bróder" e o atleta desleixado

Nossa vida vai melhorar, eu sei.

Mesmice


É sempre assim
Tudo Igual
A mesma estrada até aqui
Aquele quadro
Aquela mesa

Os mesmos anúncios
Me dizendo "bom dia"
O mercadinho
As idéias
Os preços

No caminho de casa
Mais pessoas
Menos vidas
Sem cor,
sem nada

Os sonhos já não conseguem mais o seu lugar
além de sonhos
Os braços da vontade, acorrentados
Não existe um outro plano
Não temos pra onde fugir

domingo, 27 de abril de 2008

Presente

Acendo meu cigarro,
Ele não sabe, mas sua curta passagem pela minha vida foi maravilhosa.

Seus lábios se mechem, mas não percebo o que estão dizendo.
Não, não foi sempre assim.

E aquela dose demorou um pouco mais para chegar onde devia.
Deu tempo de vê-la fechando a porta da frente.

Menos mal.
Ainda tenho meus cigarros e minhas dívidas.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Mensagens tristes


Odeio correntes bem como aquelas malditas mensagens que leh manda via e-mail para te comover de alguma forma e te fazer pensar na vida de uma outra forma.
Odeio porque as pessoas que as elaboram não tem a mínima idéia do que estão fazendo, simplesmente o fazem.
Elas vêem as imagens, colocam textos bíblicos, dados estatísticos, rezas e mandingas, mas no fundo não sabem nada acerca do que estão fazendo.
Orações, rezes, textos "poderosos" nada mais são do que amuletos.
Boa parte das mensagens chega até você com aquela idéia de que não é justo você reclamar de sua vida enquanto tem outros passando dificuldades maiores.
Realmente, não é justo.
Mas o que fica implícito é a mensagem: deus se preocupa com você, mas se esqueceu daqueles povos.
Outra mensagem que pode ser inferida é: deus está usando o sofrimento daquelas pessoas pra te ensinar algo.
Ou: deus não é responsável por aquele sofrimento, mas ele te dá coisas boas quando você pede com fervor e fé.
Todas estas interpretações ou quaisqueres outras só demonstram o óbvio: o ser humano é extremamente egoísta e precisa acreditar que existe alguém superior que o considere importante.
Não importa a ilogicidade dos argumentos, desde que no final das explicações você acabe concluindo que deus te ama e que ele quer te ajudar.
Infeliz argumento.
Deus, pra te ajudar quer algo em troca. O amor dele não é tão incondicional assim como os cristãos tem por hábito divulgar.
"Eu te ajudo, porque eu te amo, mas tu precisa me mostrar que vale a pena eu te ajudar".
Honestamente, isso me lembra muito filmes de gângsters.
Eu não sei se deus existe ou não, o que é percepetível é que , se ele existe, não dá conta de resolver todos os problemas do mundo, por uma razão ou outra.
Os cristãos não encontram respostas para suas perguntas então deixam a fé guiar suas vidas, afinal, perder o prêmio no final da corrida é um risco muito grande caso se deixem abalar na sua fé.
O "inimigo" está rondando e perguntar-se das coisas, duvidar, tentar entender a lógica disso são algumas das armas usadas por "ele" pra te desviar do caminho.
Enquanto isso, pessoas continuam morrendo de fome para que você se sinta abençoado por deus. Até o dia em que essa "provação" chega até você. Para testar a sua fé.
E o mundo vai nesse ritmo até que os cristãos acordem e resolvam curar o mundo de verdade, com suas próprias mãos, para o presente e futuro aqui , na nossa casa que muitas vezes eles também não cuidam.
Quando vejo um cristão pregando para alguém pobre, miserável, sem perspectivas de uma vida melhor, me dá um ódio gigantesco: porque ali está uma pessoa se aproveitando de outra para conseguir a sua salvação pessoal.
Ao invés de se preocupar com o outro enquanto verdadeiro ser humano que merece dignidade e melhores condições de vida, este cristão vê o outro como possibilidade de mais um tijolinho na sua busca pela salvação.
Mais uma vez, o amor incondicional fica de lado.
Como abutres, assim são os cristãos que se aproveitam do sofrimento alheio.

Foto: Kevin Carter, 1994

sexta-feira, 21 de março de 2008

Pó de estrelas


E se no final das contas não somos apenas poeira de estrelas que se movimentam com menor brilho?
Talvez seja assim que acontece: toda a nossa vida dissipamos energia que vai para o ambiente e se propaga para o espaço, alimentando sistemas e estrelas, que um dia irão explodir e dar origem a novos mundos, novas vidas baseadas em energia.
Assim, quando morremos o que fazemos é dissipar nosso restante para o universo, voltando para nosso berço estelar, esperando em alguma nebulosa para sermos forjados novamente como parte de uma belíssima estrela.
Assim fica fácil aceitar a morte, o fim do que se conhece.
Um início...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Daltonismo


se você soubesse
o que se leva aos olhos
seria mais fácil te dizer
o quanto ainda é você

mas aos teus olhos
as cores que ainda vês
não fazem mais o menor sentido
cantar foi o que restou

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Além do que se sabe

Além daqueles sorrisos, daqueles olhares, além daqueles gestos desesperados tentando dizer o quanto é bom estarem aqui, muito além disso não existe nada.
Uma pequena fuga, mais uma máscara, intensa e embebecida pelo silêncio e pela distância do que os aguarda em casa. O que existe além das aparências é o nada.
Absolutamente nada.

Não existe esperança, apenas o desejo de que ela esteja lá, em algum lugar. Mas ela não está lá nem em lugar algum, porque além deste desejo não existe nada.

Dentro daquele copo, acima de nossas cabeças, além das estrelas que nos observam e nos aguardam, em baixo de nossos pés, dentro de nossos pesadelos e estruturando nossos sonhos não existe nada.

Ainda buscamos por um sentido, uma razão obscura e não revelada, um por quê para tudo, como se fôssemos uma peça importante em um gigantesco quebra-cabeças e que pretende de alguma forma ajudar a montá-lo. Somos apenas uma peça, nada mais.

Não existe nada que possa nos confortar, alimentar, esclarecer, nutrir.

Além do caos normal e sombras, de tudo o que se espera ser possível, não existe absolutamente nada.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sobre Decotes


Por quê enchestes teu corpo com mel?
Querias atrair abelhas, mas conseguiu também algo mais:
As formigas.
E elas poderão te machucar.

Ao invés disso, lembre-se:
Existem abelhas que se interessam por um único tipo de flor
De perfume e cor.
Defina quais abelhas quer para sua colméia
E use as flores.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Underground...


Eu cresci ouvindo rádio e assistindo a TV e seus incontáveis programas de cultura, entretenimento e informação.
Mas já faz algum tempo que ela não informa adequadamente, não entretem e não traz nada de novo em termos culturais.
As emissoras de rádio estão perdidas num combate eterno pela audiência, e trocam tiros utilizando-se de material bélico "pesado": a mesmice ou as antiguinhas já batidas.
Não que eu não aprecie as músicas dos anos idos. Mas, na boa, com tanto que se tem produzido fica difícil encher programações inteiras com o que já se foi.
No outro lado, temos a mesmice. Programação abarrotada de "as melhores da programação" pela manhâ, "as mais pedidas" à tarde e "as top 10 da semana" que normalmente abrange as "melhores" das outras duas e você se percebe ouvindo as mesmas músicas, no mínimo, quatro vezes por dia. Pra quê comprar CD do seu artista favorito se a sua rádio já toca todas as músicas que lhe interessa, não é mesmo?
Percebendo essa falha na "matrix", os artistas independentes, e mesmo alguns do dito "mainstream", resolveram desbravar, procurar novas formas de serem ouvidos.
Festivais de música independente no país a fora, com participações de artistas internacionais, disponibilização de sua produção artística na internet por meio de seus blogs, last.fm (olha o merchan!!) , P2P ou qualquer outro meio que possa surgir. Muitas vezes o material é disponibilizado isento de custas porque o artista sabe: ele tem de ir onde o povo está.
Maomé não consegue chegar na montanha, então a montanha disse: faça um download ou streaming.
E assim eu descobri tanta música que eu jamais sonhei que poderia existir que estivessem sendo feitas. Tanta coisa boa a ser compartilhada, conhecida, divulgada mesmo.
No entanto, o mercado fonográfico viciou em fórmulas: mas, assim não pode, assim não dá!
Contudo, a música da garagem, dos porões, das praças, das salas de ensaio continuam sendo ouvidas e partilhadas entre aqueles que sabem que ainda há muito a ser dito e ouvido.
Viva a internet!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quando Chove


Quando chove
Estou em paz

Estou bem
Vejo tudo

Quando chove
Todos correm
O mundo foge
As casas se deitam

Mas eu estou bem
Quando chove

Um céu cinza
Que afasta os senhores
Que os aprisiona
E me liberta

Quando chove,
Estou bem

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O Meu Sol


Ele me disse:
"Quer a luz?
Siga a sombra"
Mas só vejo sombras.

E se houverem mais luzes?
E se só pudermos alcançar as sombras?

"Siga uma sombra,
Todas vem da luz" ele disse.
"Todas vem do começo,
de quando só havia luz" ele disse.

Mas não existe uma só luz.

Existem outros sóis,
Existem muitas estrelas.

Não, eu vou atrás de uma luz,
Da minha estrela,
Do meu sol, obrigado.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Qualidade

Existe essa coisa de fama, sucesso, vender mais de um milhão de cópias, que, particularmente, acredito não ser o ideal da maior parte dos músicos que se propõem a viver disso.
Sei lá, pode parecer meio utópico, mas o que um músico gosta de fazer é música.
O resto é consequência do seu trabalho, desempenho e criatividade na proposta sônica.
Mas os empresários do mercado fonográfico preferem os números, as fórmulas, os programas de tv e rádio viciados e deformáveis pelo dinheiro.
Oras, é tolice não desejar ganhar dinheiro fazendo o que se gosta. Mas a partir do momento em que os prazos devem superar a criatividade, o tempo livre para curtir o mundo, para viver novas experiências e transportá-las para dentro de suas frequências pessoais; quando o dinheiro passa a ser o objetivo, existe uma perda muito grande da qualidade artística em detrimento da qualidade estética.
Sim, há diferença.
E estética é a fórmula, o que deu certo e vem dando certo e vai continuar dando certo até algo novo aparecer e se tornar uma nova estética.
A qualidade artística só depende do artista, do músico, do que está se passando em seu mundo, suas angústias, alegrias.
A qualidade artística diz algo que talvez ninguém ainda tenha dito, enquanto a estética repete, copia, imita na tentativa de conseguir os mesmos resultados até a total exaustão da fórmula, como basicamente acontece com todo o resto.
Será que no fim das contas teremos de chamar o Greenpeace para salvar a arte também?

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Dos "contras" da timidez nos tempos modernos.

Vivemos em tempos bem difíceis, pricipalmente para os rapazes tímidos conseguirem encontrar uma namorada.


A violência excessiva e massificada pela mídia tornou as pessoas, que já eram um pouco paranóicas, extremamente desconfiadas, inclusive com pequenos gestos.

Por exemplo, um rapaz tímido, com medo da rejeição uma vez que não tem muita experiência e não sabe que a vida é uma sucessão de eventos onde tentativa e erro são necessidades empíricas na construção da personalidade e do caráter humano, que porventura se interesse por alguma bela jovem seria capaz de fazer inúmeras burrices, digo, atos impensados na tentativa de lhe despertar a atenção sem ser notado.

Complexo, não?!

Mas não é de agora que os jovens tímidos são assim. Na verdade, a história e a literatura estão carregados de exmplos de incríveis jovens inexperientes fazendo tolices na busca desesperada da felicidade nos braços de suas amadas.

De lá pra cá, o que mudou foi a maneira como as jovens donzelas percebem os sinais deixados pelos rapazes.

Senão vejamos.

Um simples buquê de rosas, acompanhado de um bilhetinho anônimo e sincero poderia ser interpretado como um ato terrorista ou psicótico de algum maníaco, tarado, ou equivalente.

Exagero?!

Talvez, mas ninguém gosta de receber telefonemas de alguém que não diz nada ao telefone. Mais uma vez, o jovem solitário e tímido fazendo mais uma de suas extravagantes besteiras.

Então, ele tenta uma nova abordagem. Faz o possível para superar a timidez e se vê fitando a linda menina que habita seus sonhos, mas ela só percebe um cara estranho observando-a, com um risinho bobo no rosto, como alguém que esteja planejando algo maléfico.

Novamente, nosso amigo jovem e desafortunado por não ter as técnicas adequadas de aproximação se vê em situação difícil, talvez até tenha de dar explicações difíceis aos amigos da moça que vieram interrogá-lo armados com paus e pedras, caso este tentasse alguma insanidade.

O que fazer?!

Ficar em casa acaba sendo uma boa opção. Longe de tudo e de todos, mantendo a sociedade tranqUila e despreocupada com seus atos pseudo-psicóticos.

Mas é bem possível que alguém chege pra ele e diga: "ei, você vive trancado aí nesse mukifo. Saia um pouco de casa, arrume uma namorada, seja feliz! Não é tão difícil assim!"

Pois é, a vida tem um senso de humor meio hermético...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Durma Bem

Mergulho nas profundezas de sua alma,
Encontro no poço dos seus olhos
A luz de seus sonhos.
Me conforta quando vem se abrigar em meus braços.

Não existe mais nada
Naqueles 5 segundos
Nada mais existe

Te beijo para selar
A tranquilidade que vem lhe visitar
Até seu adormecer

Minha retribuição
naqueles doces segundos
devolta, o que me foi concedido

Me esgueiro lentamente
Para longe de seus braços
Para que me encontres
Do outro lado

Eles virão me acompanhar
Te indicarão o caminho
Tua luz nos serve
Nos alimenta

Durma bem, meu bem
Até que nada mais exista
Durma bem
Até que nada mais importe.