terça-feira, 31 de agosto de 2010

Enfim, chove.

Já passam das 2 horas da manhã.
Ultimamente, isto vem fazendo parte de uma rotina da qual eu pretendo me desvencilhar o quanto antes.
Dormir tarde, acordar tarde, chegar tarde no serviço, café da manhã mais tarde e...bem, você já entendeu onde a linha do trem vai.
Por conta deste modus operandi, o sono anda atrasado, bem como minhas contas.
Sempre tem uma armadilha na próxima esquina.
Se não fosse apenas isso, o clima estava desértico e o cigarro não me dava nenhuma chance de respirar em paz.
Mas agora há pouco, na verdade, há algumas horas, ela veio.
Finalmente, ela desceu do céu com seu manto cravejado de brilhantes gotas efêmeras e voláteis, mas tão tilintantes no meu telhado que não poderia deixar de percebê-la.
Foi uma breve passagem, quase meteórica, mas foi tão deliciosa que dormirei melhor esta noite, ou madrugada...
Ela apssou como quem diz: "Não se desespere, vou ali visitar uns amigos e volto já."
Estamos te aguardando, deusa de meus melhores dias, com seu braço carregado de alívio e fertilidade em nossos corações.
Quero te ouvir logo logo cantando no batente de minha janela, para me fazer dormir e sonhar com um dia menos empoeirado.
Estamos te aguardando, com bandeiras, faixas, cânticos e instrumentos de torcida organizada, tudo para que te sintas novamente em casa e que saibas o tamanho das saudades que se arraigaram em nossos cinzentos olhos amargurados e tristonhos.
Venha logo e nos tira desta seca voraz e desumana.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Escrevendo ainda?

Às vezes eu me sinto como Douglas Adams, mas não pela genialidade - não sou nem um pouco genial no que me proponho a escrever - e sim pela dificuldade imensa que ele relatava sentir durante o processo criativo de suas obras.
Escrever é muito doloroso, dizia ele.
E assim também eu digo o mesmo.
Leva muito tempo para conseguir processar informações de maneira lógica e interessantes, pelo menos para minhas leituras futuras.
Outro fator que costuma atrapalhar é o dia-a-dia que se leva.
Uma idéia aparece, você fica pensando que seria muito interessante colocá-la no papel - força de expressão - mas acaba se perdendo nos afazeres do dia e, quando menos se espera, você lembra que tinha uma idéia muito eficaz, contudo, não faz a menor idéia do que se tratava.
Quantos textos se perderam dessa maneira.
Mas essa não é uma "maldição" que atinja apenas os que se atrevem a escrever algumas linhas, mas todo o pensamento criativo em suas mais variadas formas sofre do mesmo mal.
Com o passar do tempo, a maldição da sobreposição de outras coisas sobre o criativo espalha-se por outros ramos da vida moderna, infectando até mesmo nossas camas, nosso sono e sonhos.
Enquanto a roda da vida como a conhecemos continua a girar desembestadamente morro abaixo, ela nos leva dentro de suas pás, triturando nosso tempo e espaço de felicidades pequenas, fúteis por vezes mas tão necessárias.
Sem dó nem piedade, tudo o que fazemos acaba sendo muito doloroso em vários níveis e de muitas maneiras que chego a pensar, certamente, poderia muito bem toda essa paranóia insistente ter nascido da mente perturbada de um criador frustrado com a eternidade e a perfeição.