sexta-feira, 30 de abril de 2010

Escrevendo

Acho muito melhor escrever do que falar.
Dividir palavras com as pessoas costuma ser de grande auxílio, mas boa parte do tempo a comunicação verbal consegue ser apenas um amontoado de idéias tentando serem filtradas para fazer algum novo universo de significado.
E nem sempre o resultado é o esperado.
Mas na escrita, as chances de sermos mal-interpretados reduz-se significativamente.
Não que não haja interpretação do que se escreve (apenas repare na Bíblia e perceba as centenas de versões existentes, além das interpretações inumeráveis que os sacerdotes das mais variadas religiões lhe atribuem) mas quando a escrita consegue ser algo mais elaborado e com poucos (ou nenhum) uso de simbolismos o campo da interpretação se resume drasticamente.
Por isso, mesmo que com certa descontinuidade, eu escrevo.
De tempos em tempos preciso por para fora de minha cabecinha sujinha, pervertida, medíocre, nefasta, mundana, vil, sonhadora, pacata, violenta, enfurnada, acomodada, instável e imprevisível certas coisas, sejam elas o que forem.
Estou puto, putaço mesmo.
Estava conversando com uma pessoa que respeito muito, mas que não me tem na mesma régua.
E depois da conversa ficou meu óbvio que já deu o que tinha que dar.
Cansei de ficar me fazendo de idiota útil.
Leal, amigável, compreensivo e companheiro - mas descartável.
Ninguém que se ame o suficiente aguenta este tipo de tratamento muito tempo e minha cota já estourou.
Vamos, eu e meu ego, nos dedicar a coisas muito mais importantes do que prestar reverência a pessoas que não merecem nem uma fração daquilo que o gato enterra.
Normalmente eu odeio pessoas, fato. Não gosto da maneira como se organizam, como atribuem suas esperanças nas mãos de um salvador (seja ele político, social ou religioso), a forma como se afastam de suas necessidades e realizações em troca de alguns minutos de entretenimento barato e vulgar, como lidam com a vida ao dizerem que não tiveram 'oportunidades' e por isso vivem do jeito que vivem.
Odeio pessoas, aglomerações desnecessárias, cultos, convenções, protocolos e o exercício de inflamação constante do ego.
Mas, infelizmente, vivo nesta sociedade e (até o dia em que eu encontrar um jeito de sair dela - por bem ou por mal) preciso jogar de acordo com as regras.
Finjo bem a maior parte das interações sociais.
Sorrio quando alguém sorri pra mim, cumprimento pessoas nas ruas e no serviço, faço piadas e converso sobre futilidades, faço de conta que estou ouvindo o que elas tem a dizer e que me interesso de verdade por seus problemas e sua forma de verem o mundo.
Eu as observo de meu observatório comodo e intangível, que as pessoas chamam de meu corpo.
Intangível, porque mesmo ele sendo afetado, não muda o fato de como penso e vejo.
E desse lugar onde estou, tão bom quanto qualquer outro, eu me enclausuro o melhor que posso.
Resta-me apenas esta forma de sair um pouco deste ambiente que eu escolhi como sendo meu lar nesta existência (e espero, de verdade, que não existam outras).
Eu levo muito tempo para entender pessoas, comportamentos e às vezes preciso me relacionar com elas um pouco mais do que deveria.
Nesse ínterim, algumas passam a ser amigas, por compartilhar visões e comportamentos, por sermos universos parecidos. Mas boa parte do tempo é mero desperdício de tempo e nerotransmissões.
E eu cansei de perder meu precioso tempo com algumas pessoas que agora passo a simplesmente ignorar no meu universo.
E a vida continua.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

7%

Esta semana eu vi a reportagem no telejornal a respeito da discussão no Governo Federal sobre a recomposição no vencimento de aposentados.
Mais um motivo para me sentir enojado com a forma como as coisas acontecem neste país de fezes e injustiças mil.
Você, indivíduo que nasceu razoavelmente pobre, trabalhará a vida toda, irá pagar toda a sorte de tributos, contribuirá para a Previdência, será extorquido de toda a vitalidade até o momento em que será jogado para escanteio e irá, finalmente, ter algum descanso.
Não é bem assim.
Sua posentadoria mal será capaz de lhe assegurar o pagamento das necessidades mais básicas. Medicamentos então, será uma escolha difícil.
E estes nobres homens estão discutindo sobre aumento de 7% para aposentados, enquanto eles, a nobreza, trabalham 10 vezes menos, ganham 20 vezes mais, recebem todo tipo de auxílio financeiro, 13º até 15º salário, e se aposentam em menos tempo, muito menos.
Tem algo de muito errado no reino da alegria chamado Brasil...