terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O que falta?

Para que se apliquem novas regras de aplicação da lei, uma revisão dos parametros morais sobre vida e morte?
Para que a corrupção seja entendida como um crime hediondo contra a sociedade e vistos como pessoas comuns, acabando-se as mordomias originadas em nosso suor?
Para que as pessoas percebam que o mundo é um lixo porque todos somos os (ir)responsáveis que deixaram todas as coisas sairem de seu eixo normal, aceitando a dominação, a corrupçãao e a ganância como propostas de vida e realização pessoal?
O que é que falta, afinal, para que saiamos de nosso sofá confortável e imune para resolvermos nossos problemas de uma vez por todas, sem a ajuda dos ladrões de gravata, sem medo dos criminosos anti-sociais que nos obrigam a temer passear nas ruas, visitar os amigos, ajudar as pessoas sem desconfiança?
Eu não acredito no fim do mundo, apenas no final de nossa civilização e, de coração, eu torço pra que isso aconteça.
Afinal, nós não merecemos pertencer à esse lindo universo.
Quando desaparecermos, o mundo ainda estará aqui e, como sempre tem feito, vai fazer plano de fundo para a existência e manutenção da vida.
Só que desta vez, sem as ervas daninhas: NÓS.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sem saco

Ando sem saco para escrever, desabafar, criticar, elogiar, participar ou me abster.
Ando realmente sem saco em fazer parte de alguma coisa, seja ela o que for.
Não quero fazer parte nem de minhas rotinas, de meus planos, de minhas vontades e desânimos.
Gostaria de, por alguns momentos, ser algo, ser simplesmente.
Existir, sem consciência, sem experiência, mero expectador imerso na "mistureba generalizada de todas as coisas" (quem lê DNA sabe do que se trata).
Gostaria de ser uma pedra, capaz deresistir ao tempo e de transformar-me com ele, daptando minhas novas estruturas aos contornos da paisagem.
Poder estar ali, sem significar absolutamente alguma coisa.
Ando descontente com a existência, mas não penso em querer morrer ou coisa que o valha.
Não gosto e não entendo a maneira como a vida evoluiu de formas tão perfeitamente adaptáveis para esta forma cretina, mesquinha, pobre, ignorante, volátil e fraca que é o ser humano.
Entendoo proceso evolutivo, só não entendo por que nós somos o conceito de evoluídos.
Nossa inteligência e capacidade de percepção da realidade um pouco diferente da dos outros seres vivos nos deu uma ilusão de autoridade sobre tudo o que existe.
Nós nos consideramos o centro de tudo o que é real, e fora de nossa realidade nada importa.
É muita arrogância acreditarmos que fomos criados com um propósito e que os animais e plantas estão aqui para nos servirem de abrigo e alimento.
Estamos todos no mesmo pacote: todos queremos sobreviver.
Mas o desrespeito pelo outro, seja ele o que for, é do tamanho da megalomania humana.
Eu gostaria de ser uma pedra, de me transformar em poeira e, em alguns milênios, fazer parte do movimento infinito dos desertos.
Gostaria de poder contemplar o surgimento de novas espécies, estar ao lado delas, acompanhar o desaparecimento humano e o retorno da segurança da vida de todas as outras espécies que hoje vivem sob ameaça.
Ando sem saco para ser humano, apenas gostaria de fazer parte do universo, imerso nele, disforme, incolor, insípido, transparente, inodoro, anti-material.
Deve ser a ressaca das festas defim-de-ano.