segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um navio chamado UNEMAT


Vamos ser honestos: boa parte das pessoas que conhecem a UNEMAT tinham aquele pressentimento de que algo iria dar muito errado.
Senão vejamos uma breve historinha para exemplificar o que queremos dizer.
Uma salgadeira é contratada para realizar a incrível façanha de preparar 10.000 salgados, sortidos, para serem entregues em dois dias.
Bom, ela como uma excelente cozinheira e de experiência comprovada, sabe que sozinha vai ser impossível dar conta do recado, logo, ela resolve contratar outras cozinheiras de sua confiança e outras indicadas por estas mesmas cozinheiras para lhe ajudar na preparação dos 10.000 salgados.
Não fosse só isso, ela também precisou de algum tempo no supermercado fazendo levantamento de preços e adquirindo os produtos necessários para esta empreitada.
Dentro do prazo estipulado, tudo correu perfeitamente bem.
Agora, qual foram os problemas da UNEMAT na realização do concurso público?!
Primeiro: ter aceitado o prazo e as condições estipuladas para a realização do certame.
O ideal seria ela ter dito : NÃO! Sob estas condições não podemos fazer o concurso.
Segundo: uma vez tendo aceitado o desafio de fazer o megaultrapowerconcurso com provas em apenas um único dia, ela deveria ter aproveitado o tempo para, além de uma boa elaboração de prova e correção dos cadernos, encontrar uma equipe que já tivesse trabalhado em concurso, ou vestibulares, e feito alguma parceria (inclusive com a UFMT, por que não?!). No entanto, ela saíu arrebanhando pessoas até no penúltimo dia antes das provas, dando um treinamento relâmpago para pessoas sem experiência e compromisso com este tipo de atividade.
Terceiro: Não se manteve atenta a manter tudo dentro de um universo real de possibilidades, não buscou prever situações adversas, nem a falta de material humano, tendo realizado o concurso como se estivesse fazendo um vestibular nas coxas.
Pessoas despreparadas ou mal treinadas tendem a fazer besteiras, a abandonar seus postos quando a "coisa" fica feia.
Deu no que deu.
Agora, esta mesma equipe despreparada e sem capacidade de assunção de responsabilidade pelos erros cometidos (vulgo "mea culpa") está decidida a preparar um novo edital até próxima quarta-feira divulgando as novas datas de provas (provavelmente com todas as provas sendo realizadas no mesmo dia, tchanâm!!), e com o mesmo material humano despreparado pra que se corra o risco de que tudo seja , mais ou menos, do mesmo jeito.
Como disse o amigo Daniel, é a história do batedor de penaltis quando erra: você não manda ele bater de novo se não quiser se arriscar a ser linchado pela torcida depois.
Mas existe interesse político de que esse concurso seja realizado ainda este ano, de que a UNEMAT continue a frente desta tarefa monstruosa.
Façam suas apostas, mas eu ainda fico com a idéia de "eu já sabia" martelando para esta segunda tentativa também.
Não é que esteja torcendo para que as coisas deem errado. É mera constatação de alguns anos dentro deste Titanic.
O iceberg vai rasgar o casco se continuarmos neste ritmo.

sábado, 31 de outubro de 2009

O Ermitão - Parte I

Ele vivia no apartamento 207 no residencial Santa Lúcia, onde todos os apartamentos tinham o mesmo formato: quarto, sala-cozinha, banheiro, área de serviço, quatro portas, duas janelas.
Visto por dentro, poderia facilmente ser comparado com uma gaiola de hamsters. A comparação seria completa se um dos moradores adquirisse uma esteira para a prática de exercícios.
Outra característica interessante deste conjunto de pequenos aquários humanos consiste no fato de que os apartamentos estavam dispostos espacialmente de maneira tal que era possível todos observarem o que acontecia na frente da casa de todos. Vista de cima, parecia-se com um 'C'.
Um ambiente meio inóspito para o Senhor 207, morador mais antigo do Santa Lúcia.
Ainda assim, lá ele se escondia já por alguns anos.
Nenhum dos outros moradores o conhecia, nem de vista.
Certa vez, Dona Paulínia - a mais curiosa e dada a conversas sobre a vida alheia - que morava no 105, perguntou ao proprietário da vila qual era o nome do morador do 207. Alegava ela que era impossível viver num lugar onde alguém misterioso se escondia.
"Vai que este homem - ou mulher, sei lá - no final das contas seja algum maníaco!"
Depois de muito tempo de incômodos telefonemas e visitas pessoais da parte de Dona Paulínia, o proprietário resolveu dizer o nome que constava no contrato.
Um nome simples para alguém que levava uma vida reclusa e causava espanto e curiosidade monstruosa em todos os que algum dia passaram pelo residencial.
Conhecido como O Eremita, o morador do 207 chamava-se Pedro Silva.
Já faziam alguns anos que Pedro não recebia correspondências nem qualquer tipo de cobrança ou propaganda em sua caixa postal. Eis um dos motivos pelo qual Dona Paulínia nunca soube seu nome, mesmo tendo revirado todas as correspondências de quase todos os moradores nos últimos 5 meses - com exceção do Senhor Peçanha, policial militar, morador do 107 - levando-a a buscar respostas diretamente com o proprietário.
O Senhor 207 também não recebia visitas de amigos, familiares ou conhecidos.
A única exceção a esta regra era a visita de Chico - rapaz que trabalhava na venda do Seu Manoel já por alguns anos - e era o Relações Públicas de Pedro: era ele quem lhe trazia as compras do mercado, as contas do mês e retirava seu lixo pra fora.
A forma como Chico e Pedro se tornaram - de certa forma e usarei este termo por ser o mais próximo possível - 'amigos' é uma história para se contar em momento oportuno.
Uma vez por mês, Chico chegava no Residencial, sacava seu molho de chaves, abria o portão, cumprimentava alguns moradores da vila, se dirigia a porta 207, se colocava diante do olho mágico, uma pequena comporta se abria na parte inferior da porta - semelhante a uma gaveta - onde um saco de lixo aparecia junto com um pedaço de papel impresso informações bancárias de transferência on-line, Chico retirava o saco e o papel, colocava as compras e as contas na gaveta, a gaveta se recolhia, Chico dava meia volta e ia embora.
Várias vezes Dona Paulínia tentou tirar alguma informação que lhe pudesse ser 'útil' a respeito do morador do 207, mas sempre sem sucesso: Chico também nunca havia visto o Senhor Pedro.
A rotina do Senhor 207 pode ser descrita da seguinte forma, conforme relatos de Dona Paulínia: Todos os dias, exatamente às 6:00, ouvia-se algum tipo de música sendo tocada no apartamento 207 - ele tinha uma preferência pelo bom e velho Jazz, de Nat King Cole a Pat Martino - normalmente num volume meio incômodo para os vizinhos, ao meio-dia a música parava por uma hora e meia e retornava precisamente às 13:30 e só parava às 22:00 quando as luzes se apagavam no apartamento 207 e todo e qualquer ruído também cessava.
Dona Paulínia, e alguns dos outros moradores, tentaram reclamar com o morador do 207 sobre o volume do som. Logicamente sem sucesso. No final de alguns meses, todos eles terminavam por se acostumar com aquele ritmo sonoro, como se morassem ao lado do metrô ou de um aero-porto.
Certa vez, por conta das exaustivas reclamações de Dona Paulínia, o proprietário tentou entrar em contato com Pedro da Silva, também sem sucesso: fora recebido com um silêncio violentíssimo. Eram 13:00.
A existência de tão ilustre e excêntrico morador acabou chamando a atenção da mídia local, que já fez alguns noticiários e pensa em realizar um documentário sobre as possíveis causas que levaram o Senhor 207 ao total isolamento no Residencial Santa Lúcia.
Interessante mesmo foi quando alguns dos moradores da cidade fizeram uma vigília pela alma do Eremita, com velas e cânticos, na tentativa de chamar sua atenção por despertar algum instinto de coletividade ou espiritualidade. Depois de não conseguir absolutamente nada com tal comportamento, esse mesmo povo passou a divulgar a idéia de que o Senhor 207 fosse um representante do Diabo na Terra, usado para desviar as pessoas do bom caminho e que seu apartamento era um portal para as profundezas do Inferno.
Dizem os vizinhos de parede que ouviram algumas gargalhadas lá dentro por ocasião desta cruzada, mas ninguém tem certeza de que fosse esse o real motivo das risadas.
Alguns moradores, como o Peçanha, se perguntavam de onde vinha o dinheiro que o Senhor 207 utilizava para pagar suas contas e comida. Outros queriam saber quem ele era, qual a sua história, como ele foi se enclausurar desta forma. Dona Paulínia queria saber isso e muito mais.
Não saber a deixava completamente irritada e em estado de nervos a flor da pele. Até seu marido queria saber logo alguma coisa sobre o Senhor 207 apenas para que a mulher saísse do estado em que se encontrava e lhe desse algum momento de paz.
A curiosidade reinava e parecia que jamais alguém poderia saber o que acontecia ali de verdade.
O fato era que o apartamento 207 chamava a atenção de todos e, segundo Dona Paulínia, uma empresa de turismo local cogitava a possibilidade de transformá-lo em ponto turístico.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Todo o povo tem o Governo que merece...

Eu sempre costumo me irritar com as pessoas em suas posturas viciadas e prontas para a crítica desenfreada e sem argumentos sólidos.
Somos cercados pela infantilidade e o império do achismo por todos os lados.
Um grande festival de novos pseudo-intelectuais sendo seguidos como se fossem a "salvação da lavoura", prontos para enfiar seus "terríveis" discursos em letras garrafais nas malhas intermináveis da grande rede.
Agora a pouco, lendo uma reportagem do LINK (no site do Estadão) a respeito de uma mulher que fora condenada por ter enviado um "poke" para outra pessoa. Ela estava sobre restrição, em resumo, e não poderia se contactar com a outra pessoa sob nenhuma outra forma, o que ela desrespeitou mediante esse aplicativo no Facebook.
O ponto que quero ressaltar são os comentários dos inúmeros leitores do blog.
Todos aplaudindo a eficiência e a "tolerância zero" da "justiça" Norte-Americana, como uma espécia de modelo a ser seguido aqui em terras Tupiniquins.
Acontece, e sei que poderei sofrer algumas críticas por conta disso, que nossos políticos e serventuários públicos são, nada mais nada menos, que um resumo do que é a maioria de nossa população: um gigantesco aglomerado de pessoas corruptas, medíocres, consumistas e violentamente voltados para a Lei de Gerson (Tirar vantagem em tudo).
Estou sendo duro ao dizer isso?
Claro que não, apenas realista.
Quem votou em Sarney, Renan Calheiros, Carlos Bezerra, Delfimm Neto, Fernando Collor de Mello, entre tantos outros?
Eu não, certamente, e sei que uma pequena minoria, ciente de suas obrigações reais para com o bem-estar da nação também se recusou a fazê-lo.
Mas o resto do povão, dos que acham que "qualquer um tá bom", que não conseguem ver outras formas de sairmos da "merda" (perdoem o uso da palavra, por falta de algo mais intenso) sem ser pelos braços de algum "senhor alinhado", que critica as próprias escolhas que fazem mas sem nunca conseguir entender porque as fazem, que se sujeita, humilha e vende-se por muito pouco, estes estão bem representados lá "em cima".
No caso dos serventuários do Poder Judiciário, também são um retrato nosso, afinal, eles são brasileiros e chegaram lá mediante concurso público, mas de uma forma diferente.
Em sua maioria, tiveram acesso a informação, boas escolas e cursos preparatórios, boa formação familiar, ou seja, são uma parte da elite.
Se fazem as "cagadas" que fazem, se tomam decisões que privilegiam pessoas que deveriam ser vistas pelos rigores da Lei, se fazem de sua função pública um instrumento de dominação e fetiche de poder, só o fazem porque essa é a mentalidade da nossa elite, não muito diferente da do restante do povão.
Ou seja, no Brasil, devemos começar a limpeza da casa pelos que moram nela, incentivá-los a tomarem um banho decente antes do processo de limpeza geral.
De outra forma, o País não muda, as Leis não significam nada, Injustiças continuarão existindo e se espalhando como viroses normais na população, a Violência nunca terá fim.
Somos todos capazes de dar o primeiro passo, mas por que, então, ainda não começamos?

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A unemat é de todos, mesmo?!

Liberdade de culto.
Eu acho que se você acredita que o universo fora criado por um deus que gosta de brincar de esconde-esconde, ou que ele saiu da cabeça de uma criatura após ter sido golpeada, ou que um gigantesco bule mágico é a resposta de todas as dúvidas existentes, ninguém tem nada a ver com isso e é uma decisão única e exclusiva sua acreditar no que bem entender, certo?!
Contudo, quando você resolve levar aquilo que você acredita para outros indivíduos e lhes resolve impor como verdade e que merece ser respeitado por isso, você perdeu todo o direito de dizê-lo.
Simples, porque agora você invadiu a seara daquilo que chamamos Justiça.
É justo um cristão impor seus conceitos e crenças a um islâmico ou Judeu?
Creio que não.
Aqui na UNEMAT virou costume todas as segundas-feiras acontecer, pela manhã, o que eles apelidaram de "meditação".
Um eufemismo para "culto ecumênico-cristão", visto que se fala em Jesus o tempo todo.
Eu sou Ateu, assumido e convicto. Mas fico pensando, isto é um órgão público, não uma capela.
Mais uma vez, eu pergunto, este culto respeita a vontade do público?
Onde ficam os Judeus e os Islãmicos, os indígenas.
Duvido que, se encontrassem montado pela manhã todos os elementos de um culto Afro-Brasileiro, todos os responsáveis pela organização se sentiriam bem com tal "ofensa".
Mas falar alguma coisa na UNEMAT é o mesmo que uma criança esperneando por um doce enquanto seus pais usam tapa-ouvidos.
Espero que aquele projeto seja aprovado, o que não quer dizer muita cosia, mas talvez ajude as pessoas a perceberem o óbvio: adorem seus deuses em suas casas e deixem as outras pessoas livres para terem suas opiniões.
Obrigado.

domingo, 30 de agosto de 2009

Faça o que eu digo....

O famoso bordão, tão corriqueiramente aplicado, enobrecido, esparramado em todos os níveis da vida cotidiana desta auto-proclamada Nação!
Algumas coisas costumam me deixar tão espantado com a maneira como as pessoas lidam com valores e comprotamentos sociais, que eu chego a acreditar por um breve instante que estamos vivendo alguma ficção, escrita por mãos humorísticas, que desejam causar o espanto, o avilte e a indignação total de seus leitores.
É difícil, pelo menos para mim, entender a seguinte situação:
No Brasil, país da festa da carne, sacanagem nos programas de tv de segunda a sexta, onde se cultuam belos pares de seios e glúteos requebrantes, onde o maior programa de audiência e arrecadação é uma caricatura do comportamento voyeurístico e fofoqueiro da nação, país do oba-oba geral, pasmem, se condena nacionalmente, no interior de seus bem resguardados lares, uma professora que ousou se divertir, como a maior parte da nação, numa festa liberando toda a sua sensualidade e desejos de liberdade por uma fulgaz fração de tempo.
Apesar de haverem manifestações equilibradas de opiniões divergentes sobre o ocorrido, o fato é simples: ninguém tem nada a ver com a vida de ninguém.
Caso Hipotético n.1: Fulana gosta de ir em festas, fica paquerando todos os garotos que ela acha interessante, até chega a levar algum para o aconchego de seus lençóis num final de semana tedioso e cinzento. No dia seguinte, adeus meu bom jovem, retorno às suas atividades normais, cuidando de seus filhos, servindo ensinamentos sobre moralidade e valores rançosos, e afazeres domésticos.
Caso Hipotético n.2: Jovem trabalhador, envolvido em atividades religiosas, devoto fiel e zeloso, tem por hábito analisar a vida de outras pessoas, não se misturando, não se envolvendo diretamente, criticando comportamentos e valores, realizando suas orações, pregações, vivendo sua vida como todo e qualquer bom cristão.
Caso Hipotético n.3: Ciclana, vida normal, emprego normal, família normal, até demais, cansada de não ser valorizada pelos familiares, amigos e marido, sentindo-se "vazia" resolve se envolver num "affair" com o vizinho. Na mesa de jantar, fica espantada com a filha que engravidou do namorado.
O que estes casos hipotéticos, e muitos outros reais, tem em comum?
A Hipocrisia.
Pelo amor de seu deus, faça o que bem entender de sua vida, mas não perca tempo apontando dedos julgadores imundos para aqueles que não se importam com os seus valores, quando estes não conseguem ser bons nem para você mesmo.
Um político continua roubando da nação, continua vilipendiando a situação geral dos serviços públicos, continua cuspindo em cada eleitor, em cada José e Maria que apodrece debaixo das pontes, sem emprego, sem educação, sem possibilidade de um futuro melhor, se acesso, sem nada.
E o que você faz?!
Preocupa-se com a vida de uma professora que estava curtindo sua vida, provavelmente o único momento em que a vida dela estivesse sendo interessante para ela mesma.
Brasil: Uma Nação de Medíocres Hipócritas.
Se eu sou um deles?
Oras, que pergunta medíocre.
É claro que sim, por isso estou apontando meu dedo sujo para você.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Repúdio

Gostaria de manifestar aqui meu repúdio pelo Senhor Adriano Silva, coordenador do campus de Cáceres.
Nos últimos 3 anos a UNEMAT, por meio de sua Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, vem realizando o evento Festival Universitário as duras custas, e pra ajudar, sem o devido apoio dos campi.
Mas é em Cáceres que a coisa costuma ser bem pior!
No primeiro, apoio mínimo do campus, material disponibilizado para a realização do evento não foi lá estas coisas.
No segundo, nem divulgação teve, o período de inscrição estava se findando e somente as pessoas que ficaram sabendo é que conseguiram se inscrever, ainda assim a muito custo visto que o (ir)responsável pelas inscrições não ficava no seu posto aguardando o aparecimento das pessoas interessadas.
Não bastasse isso, a coordenação não cedeu o espaço no campus (na famosa concha acústica) para que o evento se realizasse, sendo utilizado o Butequim do Beto como espaço (nada contra o Beto, amigão de todas as horas), e um som alugado de ultima hora pior que do ano anterior.
E agora, este ano, olha que beleza.
As inscrições estão abertas novamente, nenhuma divulgação e parece que nem o Senhor Adriano SIlva, nem ninguém do campus, está muito a fim de se incomodar novamente com o evento.
Afinal, cultura é um luxo que a Unemat não pode bancar, certo Coordenador?!
O que se esperar de um Coordenador que em toda a sua gestão não deu nenhum único incentivo à atividades culturais, tornando o pátio do campus um local morto e a concha acústica num albergue.
Honestamente, eu espero que Vossa Senhoria se candidate a qualquer coisa, de verdade, para que ue possa lhe dar a resposta adequada nas urnas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ex-amor


E amanhã oficialmente eu completo 15 dias sem cigarro.
A dora da separação é indescritível.
Só quem parou sabe como é.
Você respira melhor, vive melhor, mas sempre sentirá saudades das boas tragadas que te acompanharam naquelas horas sombrias e solitárias.
O companheiro silencioso e mortal.
Como todas as outras drogas, inclusive a bebida, preenche vazios, cria necessidades, gera problemas de saúde os mais variados.
Mas a sua mente está perfeitamente bem.
É uma rocha sólida, pronta para um novo dia, sem angústias.
O horizonte é apenas uma linha a ser alcançada e nas estradas enfumaçadas nos perdemos por caminhos vários, sem medo nem dúvidas.
Fazem 15 dias que sonho com deliciosas tragadas em situações corriqueiras, apesar de não sentir vontade quando acordado.
Estamos fazendo uso dos adesivo de nicotina, mas já percebi que ele também não me faz falta. Passei alguns dias sem usá-lo e não tive recaídas.
Estou imune?!
Jamais!!!
A necessidade de dar uma tragada pode aparecer a qualquer momento, estou aprendendo apenas a dizer "não preciso de você agora, talvez nunca mais".
É sempre difícil dizer adeus ao que nos faz muito bem, mesmo quando nos destrói.
Relações destrutivas são todas iguais.
Já me livrei de coisa pior, consigo ficar sem fumar.
Vai ser uma vida chata, sem graça, sem sabor, mas vai ser alguma vida.
Melhor do que nenhuma, apesar de um dia eu também chegar lá.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

PIZZA


Ao contrário do que pode imaginar a vã filosofia popular brasileira, a terra da pizza não é a Itália e sim o bom e velho Brasilzão de todos os santos.
Investigam-se os melhores temperos, ingredientes, tempo de cocção e, claro, público alvo.
Tem pizza para todos os sabores e tamanhos.
As que tem preferência nacional, pelo menos amplamente divulgadas nos grandes meios de comunicação tupiniquins, são aquelas preparadas por mãos gentilmente ardilosas, recheadas com escândalosas atividades corrpuptivas e temperadas com o tão nobre e costumeiro desrespeito pela sociedade pagante da festa.
A orgia dos pizzaiolos, a luxúria e o império de todos os fetiches politicos são de nossa extrema e única responsabilidade, mas também acabamos, por fim, fazendo nossa pequena pizza com restos de dignidade e temperadas com o conformismo.
Desce como um sapo entalando na garganta, mas não somos capazes de pensar em nada melhor.
Desce uma inteira, com borda e em oito pedaços, faz favor...

sábado, 11 de julho de 2009

Insano

É estranho , mas eu vejo a loucura e a demência como lindas manifestações da criatividade humana num nível muito mais refinado.
Por ser uma maneira caótica de reorganização cerebral das informações recebidas pelos sentidos, apenas aumenta minhas dúvidas sobre o que é o real e a maneira como afirmamos que as coisas são.
Por vezes, mantemos nossa consciência longe do raciocínio sobre o que estamos fazendo, vendo e percebendo do mundo à nossa volta. As famosas fugas, sendo a mais aceita entre os seres humanos o que denominamos Entretenimento.
Além dele, temos as que se utilizam de drogas (legalizadas ou não) para nos provocar sensações de letargia e imersão sem julgamento de nenhuma espécie.
Ao entrarmos num ambiente, quando novo, nos deparamos com a surpresa incial: tudo nos parece digno de atenção.
Cada detalhe, curva, som, textura nos salta aos olhos. Criamos algumas expectativas e opiniões a respeito.
O ambiente se torna um lugar comum, deixa de causar as mesmas reações em nosso cérebro, por consequência, em nossa consciência.
Nos tornamos apáticos, um abiente em ordem que nos transmite segurança e sensações de conforto, não causando espanto algum.
Essa é a paisagem normal da consciência de todos os seres humanos ditos normais.
Não existem surpresas por muito tempo e tudo se organiza de maneira coerente, um mundo confiável.
E chato.
A violência, guerras, fome, mortes inúteis, situação econômica, política abarrotada de corrupção e abuso, tudo isso nos é visto sem espanto, de tanto que este ambiente se tornou NORMAL.
Qualquer indivíduo que veja esta situação com outros olhos e seja capaza de fazer um pouco de barulho por conta disso, já não é visto como normal.
Cadeia, manicômio, degredo social, são algumas das formas que nosso sistema social tem de lidar com o diferente, com o que oferece algum tipo de perigo ao sistema e a normalidade moldada em padrões como qualquer outra atividade humana.
Padrões que podem e devem ser revistos.
"Todo político é ladrão" - Mas não deveria!
"Se eu estivesse lá, faria o mesmo!" - A culpa também é sua, então, pela forma como as coisas não mudam!
"Deveria haver a pena de morte!" - Talvez, se a Justiça existisse e não estivesse nas mãos de quem nunca será atingida por ela!
"O Brasil é um país de merda!" - Assim como todos nós, cidadãos de merda. Estagnados, preguiçosos, críticos de futebol, obesos morais, frustrados sociais, parasitas emocionais, glutões e consumistas.
E não é muito diferente em outros países.
O ser humano, dito normal, é uma criatura extremamente caótica e confusa que se organizou num emaranhado de regras das quais pouco entende e nada conhece.
Prefiro os insanos, os loucos, aqueles que viajam em suas paranóias e não dependem do mundo real para conhecer a felicidade, pois ela está no fundo de nosso consciente e é lá, escondida na mais obscura rede de sinapses que eu gostaria de me afogar.

sábado, 13 de junho de 2009

Ipê


Florada dos Ipês-Roxo
É o início
Manga madura no quintal?
Vai algum tempo
O vento sul traz roupas velhas
E encostadas
São meus amigos lá em casa
Cerveja no buteco a beira do rio.

Um céu cinzento-alaranjado
No fim da tarde
Carros, como crianças na manhã de natal
Fazendo arte
Os últimos pássaros, pescando até tarde
Anunciam a chegada do povo
Que vem de longe

Curimbatá rebelde pro colo do juiz
Notícias de verdade? Nunca chegam
E na avenida Seu Luiz, os anos se perdem
Quando cruzamos a ponte
Tudo fica na lembrança
Como uma flor de Ipê.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Letargia

Já voltei a fumar, parei de novo e retornei a fumar.
É bem mais difícil do que imaginei e leva muito mais dinheiro ao mês.
Uma vida de aquário nos leva a tentativas de fuga variadas.
Optei pelo cigarro.
Primeiro, porque ainda é dentro da legalidade.
Segundo, porque não afeta minha vida profissional diretamente.
Terceiro, não preciso de acessórios para utilizá-lo, nem é invasivo (pelo menos na minha pele).
Ultimamente ando com pigarros, algumas tosses secas, perda de rendimento respiratório em atividades aeróbicas (sexo então, vige...).
Mas como não ando sendo nenhum Casanova nos últimos anos, impotência não me assusta.
Faço exercícios regularmente, tentando uma mudança de alimentação (trocando quantidade por qualidade).
Musicalmente, sem criatividade.
Acho que consigo produzir coisas novas estando sobre pressão. Assim como o Brasil no período da ditadura militar.
O que se vê atualmente na mídia é a falta de criatividade e um grupo de artistas em massa buscando a mesmice fotocopiada em fórmulas desgastadas pela total infertilidade de suas propostas.
Conseguem enriquecer os bolsos de gravadoras e empresas, mas não nos trazem nenhuma opção de variabilidade: se você gosta de um certo grupo, existem pelo menos outros quatro fazendo as mesmas coisas, se duvidar , as mesmas músicas.
Mas é assim que acontece em todas as manifestações artísticas, inclusive séries de tv, novelas, filmes, etc.
Estamos vivendo uma crise geral, acomodados, inertes e letárgicos.
Mídia e medíocre tem a mesma origem vernacular, e não é menos incomum que signifiquem o mesmo atualmente.
Este desânimo atinge nossa capacidade de seletividade. Mas graças à internet (Santa Internet!) venho descobrindo novos horizontes de possibilidades infinitas: conceitos, visões e cores que eu jamais conceberia dentro da limitante oferta da mídia tradicional.
Talvez, quando a internet for acessível em todas as residências como a água e luz, seja possível uma nova revolução social, cultural e política.
Até lá, somos meros reféns de políticas sociais rançosas e de assaltantes oportunistas de nossa cultura.
Eu fumo a isso.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Não éramos

Éramos tantos
E tão poucos.
Estávamos ali
Mas nunca esteve ao nosso alcance.

Éramos jovens
Éramos tantos.
Cheios de vida
Vazios e inertes.

Estávamos ali
Estávamos cheios
De tudo e de todos
Aos poucos, somente os restos
E nossas vozes sumiram.

Deixamos rastros
Deixamos uma história
Que nos lembra sempre
Que não éramos.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Retrovisor

Você olha o retrovisor
Não vê os carros
E ele ficou para trás
Você sabe bem

Quando bateu a porta
Ele correu e tentou
No fundo você já sabia
"Não dá mais"

Você ainda voa baixo
E os carros, sonhos em fuga

"Não posso parar agora"
Você contempla o passado
E o que vê, uma sombra
Que lentamente foge pelo canto de seus olhos

Você sabe
Não dá mais
E corre
Para os braços
Que te guardam
E embalam nas horas mais cinzas

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A pílula vermelha


O mundo não é como nas novelas da Glória Perez, nem alegre e cheio de bobages como no Domingão do Faustão.
Não se resume, tampouco, a uma busca eterna por prazeres físicos e realizações de consumo (Playboy, Caras,...).
Não está construído sobre os pilares dos ideais românticos de relacionamentos pregados pelas Cláudias da vida.
E não pode ser conquistada em sua plenitude como as propagandas de cartões de crédito querem nos fazer creer.
Estamos no piloto automático a maior parte do tempo, vendo o tempo passando, pessoas morrendo ao nosso alcance, políticos nos roubando e nos aprisionando dentro de idéias que não sabemos(ou podemos) contestar.
O mundo é depredado diariamente porque todos, sem excessão, estão na correria para garantir a sobrevivência. E dentro do nosso sistema atual, sobrevivência tem muito a ver com a capacidade de se fazer o que for necessário para garantir o mínimo de dignidade.
Nessa parte da história, nos vemos encurralados entre o certo e o necessário, muitas vezes.
Cedemos a pressão dos mais fortes, dos mais abastados, dos mais "instruídos", para ficarmos numa situação comoda de apatia e inércia.
Vamos todos morrer, mas eu gostaria que fosse natural para todos. Ver alguém sofrendo seus últimos momentos numa fila de hospital por falta de leitos, medicamentos, profissionais e esperança, tudo por conta de uma centena de pessoas que detêm o poder político-financeiro para fazerem a diferença, que se acham no direito de apoderar-se do fruto de nosso trabalho para garantir seu luxo e seus fetiches de consumo.
Vamos morrer todos, mas no passo em que nos encontramos, vamos morrer pelas mãos do descaso e abandono.
E nas próximas eleições, milhares de brasileiros e brasileiras terão de se deslocarem para a urna mais próxima fazer aquilo para a qual foram programadas como sendo a expressão verdadeira e completa de sua cidadania: mais uma mentira.
Não existem políticos honestos, porque para chegarem onde chegaram eles tiveram de se comprometer com outros interesses alheios ao da vontade pública.
Podem ser bem intencionados, mas são todos corruptos em algum momento, em maior ou menor escala.
E não existe solução dentro da ordem e do progresso.