quinta-feira, 20 de agosto de 2015

A Fúria dos Guerrilheiros de Sacada e Panelas

Eu sou de esquerda. Simples assim. Desde que me entendo por gente eu sempre me preocupei com as outras pessoas, com as que passavam fome, as que vinham implorar por um prato de comida, por um pedaço de pão, por qualquer migalha disponível na lixeira de nossa casa. Com as que eu via pelas ruas dormindo com folhas de papelão debaixo de uma noite fria e sem piedade. Com as notícias de guerras mundo afora, entre países irmãos, vizinhos, entre pessoas que não gostavam de outras pessoas por serem diferentes. Muita coisa mudou nestes últimos 20 anos. Faz muito tempo que não vemos pessoas mendigando em nossas portas por comida. Isso, para mim, é resultado de alguma coisa positiva. Mas por algum motivo doentio e mesquinho, um grupo de brasileiros, cidadãos 'de bem', esclarecidos, 'letrados e sabidos', não aprova. Foi necessária a criação de uma desculpa que pudesse levar outras pessoas insatisfeitas a se movimentarem. Era preciso criar um Satã, alguém que as pessoas concordassem em odiar pela simples necessidade de se atribuir a alguém a culpa, a responsabilidade por tudo o que der errado. O Satã da vez é a Dilma e o velho discurso furado de 'que devemos combater o comunismo', 'nosso País não será uma nova Cuba', 'pela família brasileira'. Eu não sou PT, sou de esquerda mas não concordo com políticas partidárias. Mas a Dilma não me incomoda, acho que ela deve estar tentando fazer o que pode com o que tem. Existe uma crise Mundial, uma das várias crises cíclicas do próprio sistema econômico em que vivemos e no Brasil a situação está difícil como um reflexo. Simples assim. A Corrupção é endêmica em nossa Nação há muito, muito, mas há muiiiiiiittttooooo tempo meeessssmoooooo! E não houve anteriormente um combate sério, não havia investigação divulgada com tanto estardalhaço (normalmente, se acobertavam e engavetavam), não havia! No entanto, prega-se que a corrupção de AGORA é a que quebrou o País. Tem certeza? Eu me lembro do calote que os servidores públicos do Estado de Mato Grosso tomavam frequentemente nos anos 80 e 90, com atrasos salariais de até 6 meses, com perdas salariais monstruosas para o Dragão Inflacionário que teimava em ficar cada vez maior em nossas vidas. Eu me lembro de não termos acesso a carne todos os dias, leite só o do tio que tinha uma vaquinha e precisava ganhar o seu, do pão adormecido, de termos que aproveitar o que havia no quintal para usar como salada, de ir a pé pra escola pra economizar. Do meu pai trazendo comida de outra cidade quando vinha pra casa porque era mais barato e se ele esperasse para fazer as compras quando chegasse, a maquininha de etiqueta de preços estaria voando mais rápida que o Senna. Lembro de amigos que não tinham a mesma sorte e que iam lá pra casa pra almoçarmos juntos, tomar café com pão, ir pra escola a pé juntos, que trabalhavam em tudo o que aparecia para ajudar com algum trocado em casa. Tínhamos 8 anos nessa época. Agora, que as coisas estão melhorando, apesar de não parecer, vem esta onda de fúria. De onde? Por quê? Eu ainda não consigo entender.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Resistência

Eles iam todos os dias até uma pequena praça, cheia de flores e árvores para curtirem a natureza, os pássaros, as formas que as nuvens presenteavam-lhes e o por-do-sol por entre as folhas. Todos os dias. Mas de alguma forma, isso incomodava outros. Pessoas cinzentas, tristes, pequenas. Fizeram uma cerca em volta da pequena praça, mas eles continuavam indo até lá. Não conformados, as pessoas tristes derrubaram as cercas e construíram muros. Eles pulavam os muros e continuavam indo lá. As pessoas cinzentas retiraram os bancos, as árvores, as flores, a natureza. Eles continuavam indo lá, para homenagear o que já não existia mais. Até que um dia, cansados disso, as pessoas pequenas criaram uma lei e levaram todos eles presos. Na prisão, eles desenharam bancos, árvores, flores, pássaros e tudo o que mais lembravam da natureza e viam o por-do-sol pelas grades.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Olá, como vai, tudo bem?

Tem quase dois anos que eu não escrevo nada. Tempo demais para ficar em silêncio. Mas, sei lá, o tempo, a vida, o Universo e tudo mais vai aos poucos nos consumindo, absorvendo. Nos tornamos um amálgama desconexo e petrificado num emaranhado por vezes ilógico e absurdo. Tenho visto e ouvido muito e o mundo me parece cada vez um lugar menos hospitaleiro e agradável. E o Brasil, ah o Brasil. Meu Brasil brasileiro deitado eternamente em berço esplêndido pela própria natureza em nosso peito juvenil. Brados raivosos descompassados e virulentos em redes sociais, amplificados por uma mídia devotadas a interesses vis, 'no sentido vil da vileza', despreocupada com a Verdade. Direitos sendo negados diariamente e transformados em novas batalhas sociais. Problemas complexos sendo apresentados à soluções simples, confusas, distorcidas e medíocres. Enfim, 'tudo ao mesmo tempo agora' do 'jeito que já foi um dia'. Parabéns.