terça-feira, 28 de abril de 2009

Retrovisor

Você olha o retrovisor
Não vê os carros
E ele ficou para trás
Você sabe bem

Quando bateu a porta
Ele correu e tentou
No fundo você já sabia
"Não dá mais"

Você ainda voa baixo
E os carros, sonhos em fuga

"Não posso parar agora"
Você contempla o passado
E o que vê, uma sombra
Que lentamente foge pelo canto de seus olhos

Você sabe
Não dá mais
E corre
Para os braços
Que te guardam
E embalam nas horas mais cinzas

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A pílula vermelha


O mundo não é como nas novelas da Glória Perez, nem alegre e cheio de bobages como no Domingão do Faustão.
Não se resume, tampouco, a uma busca eterna por prazeres físicos e realizações de consumo (Playboy, Caras,...).
Não está construído sobre os pilares dos ideais românticos de relacionamentos pregados pelas Cláudias da vida.
E não pode ser conquistada em sua plenitude como as propagandas de cartões de crédito querem nos fazer creer.
Estamos no piloto automático a maior parte do tempo, vendo o tempo passando, pessoas morrendo ao nosso alcance, políticos nos roubando e nos aprisionando dentro de idéias que não sabemos(ou podemos) contestar.
O mundo é depredado diariamente porque todos, sem excessão, estão na correria para garantir a sobrevivência. E dentro do nosso sistema atual, sobrevivência tem muito a ver com a capacidade de se fazer o que for necessário para garantir o mínimo de dignidade.
Nessa parte da história, nos vemos encurralados entre o certo e o necessário, muitas vezes.
Cedemos a pressão dos mais fortes, dos mais abastados, dos mais "instruídos", para ficarmos numa situação comoda de apatia e inércia.
Vamos todos morrer, mas eu gostaria que fosse natural para todos. Ver alguém sofrendo seus últimos momentos numa fila de hospital por falta de leitos, medicamentos, profissionais e esperança, tudo por conta de uma centena de pessoas que detêm o poder político-financeiro para fazerem a diferença, que se acham no direito de apoderar-se do fruto de nosso trabalho para garantir seu luxo e seus fetiches de consumo.
Vamos morrer todos, mas no passo em que nos encontramos, vamos morrer pelas mãos do descaso e abandono.
E nas próximas eleições, milhares de brasileiros e brasileiras terão de se deslocarem para a urna mais próxima fazer aquilo para a qual foram programadas como sendo a expressão verdadeira e completa de sua cidadania: mais uma mentira.
Não existem políticos honestos, porque para chegarem onde chegaram eles tiveram de se comprometer com outros interesses alheios ao da vontade pública.
Podem ser bem intencionados, mas são todos corruptos em algum momento, em maior ou menor escala.
E não existe solução dentro da ordem e do progresso.