quarta-feira, 30 de março de 2011

Ciclomático de Trabalhação Sem Findangem.

Você passa um bom tempo de sua vida se perguntando sobre o que fazer com a outra parte dela.
Claro, quando você não está dormindo, o que também leva uma boa parte de sua vida!
Normalmente você passa a lutar contra aquela sensação de inutilidade que a sociedade o tempo todo te vende como se fosse uma praga, uma doença a ser combatida.
"O trabalho dignifica o homem", dizem alguns.
"Mente vazia, oficina do Diabo", dizem outros.
Daí, a coisa acaba se misturando com a busca infinita e inútel pelo sentido da vida.
E, desta maneira, nos tornamos infelizes a maior parte do tempo.
Fazemos as escolhas que queremos, as que não queremos, as que não temos certeza se queremos mas para evitar brigas acabamos fazendo.
E todos vamos vivendo nosso presente turbulento, sofrendo com o passado, sonhando com o futuro que nunca vem porque o presente não dá tempo de esquecermos o passado e lutarmos pelo futuro.
Bagunçado?!
Pois então.
Agora, o fim-de-semana, esta sagrada instituição de todo trabalhador, começa a sofrer dos sacrilégios e dos efeitos maléficos do ciclo do trabalho forçado.
Nãos e engane, todo o trabalho é forçado, desde o momento em que você não teve escolha e não se satisfaz nem um pouco com o que está fazendo.
É quando o seu final de semana torna-se mais um lugar de tormento do que de relaxamento e delícias, que ficam muito claros os sinais de que alguma coisa está muito errada em sua vida, senão tudo.
Acordar com aquela sensação de desespero, um formigamento nervoso nas pernas e braços, aquela preguiça violenta e ditatorial que te impede de dormir apenas "mais cinco minutinhos" e consegue te fazer chegar 'cedo para o outro dia de trabalho'.
Enfrentar o caminho do trampo com um gosto amargo, mesmo sem ter tomado um café pela manhã.
Olhar para o relógio a cada cinco minutos e perceber que os ponteiros estão tão preguiçosos e desanimados com os seus afazeres quanto você.
Ir para o almoço sentindo que vai ter uma dor de estômago terrível se não comer logo para voltar logo. E acabar tendo uma.
Ligar o computador e ele se fazer de bobo com relação àquele arquivo que você jura ter salvo em algum lugar.
Brigar com as impressoras de todos os setores e sentir-se num aeroporto em São Paulo com suas bagagens indo para Hong Kong.
Perceber que no final do trampo sempre aparecem serviços de urgência urgentíssima.
Ir pra casa com o peso do amanhâ violentamente depositado em suas costas.
Tomar umas, fumar alguns, tomar um banho demorado, fuçar o computador, comer alguma coisa, olhar pro relógio e entrar em desespero porque você está sem sono e já passou da sua hora de dormir.
Isso não é vida.