segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Pagando para sermos honestos - parte I

Ok, um amigo me pediu para postar a primeira parte daquele "achismo" publicado anteriormente e vou fazê-lo neste post.
Publicado originalmente em 15/11/2007 no flog http://www.fotolog.com/ricardolacerda78

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Pois é...eu não ia postar nada neste feriadão, mas a última notícia que eu vi na tv, sobre a discussão dos membros do judiciário sobre seus vencimentos...ah...pais pequeno e cheio de pessoas adormecidas ...
Nós pagamos impostos.
Nós quitamos nossas dívidas ou tentamos renegociá-las.
Nós nos preocupamos com nosso nome e imagem.
Nós desejamos um lugar melhor e muitas vezes trabalhamos por isso.
Nós deixamos de lado nossas famílias muitas vezes de lado em prol do planejamento de um futuro melhor e na manutenção do emprego chinfrim, mas que nos garante a comida no fim do mês.
Nós tentamos...

Eles não.
Não fazem questão de esconder que são desonestos, que são egocêntricos, que desejam mais dinheiro, que se lambuzam no doce caldo do poder até não poderem mais.
Não fazem questão de tentar esconder que nós não somos prioridade, que nosso bem estar e nossos problemas são de única e total responsabilidade nossa.
Não fazem questão de tentar nos convencer de que eles valem a pena.
Claro, somente por ocasião das eleições é que surgem os nomes, os ideais, os símbolos, os que irão nos conduzir a uma aurora de novos tempos.
Para no dia seguinte nos esquecerem de novo.

Até quando a gente vai "estar com a bunda exposta na janela prá passar a mão nela?!"
____________//---------------------- fim do post.

domingo, 25 de novembro de 2007

Da Decepção

Ao contrário do que as comunidades dos sites de relacionamentos assim como os flogs desta grande rede sem porteira dizem sobre decepção em relacionamentos, nós nos decepcionamos em relacionamento por conta de nós mesmos.
Na verdade, das expectativas que criamos.
Quando tentamos mover a nossa vida ao lado de alguém esperamos verdadeiramente que esta pessoa possa lidar com nossos sentimentos de maneira parecida com a qual trata os seus. Que ela entenda o nosso ponto de vista, mesmo não concordando. Que possa nos ver, nos ouvir e perceber que as nossas necessidades também são importantes para o bom caminhar.
Simplesmente acreditamos no outro. Que ele é capaz de atender nossas expectativas.
E é aí que nos enganamos e possivelmente venhamos a nos decepcionar futuramente.
Acreditamos que as pessoas são capazes de vislumbrar algo além delas mesmas. Mas a maioria dos relacionamentos demonstra ser um exercício de egos confusos num conflito diário por espaço: o espaço que poderia ser de ambos respeitando-se os indivíduos.
Contudo, é essa mesma esperança no outro que nos possibilita continuar o caminho, a fazer planos, a tentar de novo quando caímos. É ela que nos dá a capacidade de ousar e se aventurar em situações que de outra maneira não nos arriscaríamos.
Ainda assim, a decepção com o outro pode deixar de ser um bom exercício de auto-conhecimento para se tornar um tormento e uma prisão para nossas esperanças de construção de um relacionamento saudável e estável.
Este é o ponto que devemos abordar em textos posteriores, à medida em que a idéia amadureça: deixemos de pensar em termos de homem e mulher; passemos a ver o ser humano.
Certamente, esse é um bom começo para a construção de uma sociedade melhor.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Faltas

Em cidades sérias, durante a realização de obras em vias públicas, é normal a divulgação das mesmas nos meios de comunicação local e a utilização de placas de sinalização ao longo da pista, como aquela de "homens trabalhando" e "desvio".
Aqui em Cáceres, além de obras na pista ser uma coisa do tipo "até que enfim" e "mal e porcamente" tem-se situações típicas de um quadro de Dali.
Não se tem qualquer divulgação por parte das autoridades.
Os "homens trabalhando" não costumam deixar homens trabalhando antes nem depois da realização da obra para tentar manter a integridade da mesma.
Não há sinalização, apenas cavaletes e galhos na pista dificultando a passagem de veículos auto-motores, cujos os motoristas, pessoas altamente conscientes de suas obrigações e do valor dos seus impostos, param na pista para retirar os mesmos cavaletes e galhos, quando não resolvem tomar a ciclovia como via secundária para chegar mais rápido onde quer que estejam indo.
Não estamos em São Paulo, aqui não existe a mesma pressa e os engarrafamentos de lá.
Pode-se sim tomar acesso por vias secundárias que em nada irá atrasar sua vida, contudo, o povo que aqui vive não é muito dado a colaborar com a manutenção da coisa pública, nem com a preservação da natureza da qual deveria ser guardião.
A estação de tratamento vai ser construída na contra-mão , ou seja, ao invés de ser colocada onde o despejo de materiais poluentes ocorre com maior volume, optaram por construí-la rio abaixo.
Sei lá, parece que falta de planejamento e organização é uma característica dos administradores públicos desta região.
Mas eu estou contente com a notícia de ontem mesmo sabendo que existem recursos.
A alegria de pobre dura pouco, dizem.
Pelo menos, dura tempo suficiente pra podermos nos lembrar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Pagando para sermos honestos - parte 2

É tão estranha esta sensação de que não se pode fazer absolutamente nada de imediato para mudar as coisas. Todas as idéias que tem algum valor para a humanidade, de alguma forma, são para anos futuros, longo e médio prazos.

Nada é pra agora!

E isso, de certa maneira, interfere na maneira como as pessoas se dispõem a ajudar na concretização destes planos. Querendo ou não as pessoas, inclusive eu e você, gostariam que a fome, a miséria, as desigualdades sociais, o acesso à informação, à tecnologia e á saúde fossem agora!

Fica difícil pedir para termos paciência, para fazermos a nossa parte que os nossos filhos e netos irão nos agradecer. Nossa vida é curta diante da grande linha do tempo contado até agora. Sei que o planejamento é importante, mas pessoas morrem todos os dias. Centenas de milhares, por falta do mínimo necessário à sua subsistência.

Como posso pedir para essas pessoas esperarem um pouco mais porque a ajuda está chegando? Porque o próximo plano econômico vai funcionar? Que o sistema educacional vai trazer bons frutos nos próximos 15 anos? Enquanto isso o desemprego, a corrupção, a falta de assistência dos governos continua.

Somos menos do que moscas para o senhor deputado: as moscas, pelo menos, merecem a atenção dele quando chega em casa para almoçar e se depara com as mesmas sobrevoando sua refeição conquistada com nosso “rico” dinheirinho, suado, conquistado com muito esforço para mantermos nosso nome limpo no SERASA, SPC e em boa conta com o governo.

Quando sobra algum eu tento ajudar aquele cara na esquina com algum trocado, mesmo sem saber qual será o destino desta contribuição. Eu tento não por achar que é bonito, ou para parecer que me preocupo. Tenho consciência de que todos nós somos responsáveis pela pobreza e pela má distribuição de renda. Estava presente nas passeatas porque acreditava estar fazendo alguma coisa de verdade, tentando mudar alguma coisa.

Mas existem pessoas, um pequeno grupo se comparado aos 6 bilhões de habitantes do planeta, que ainda tem poder suficiente para impedirem que o rio mude seu curso, ainda mais se o curso não for o estipulado por este mesmo grupo.

Vejo campanhas de conscientização nos meios de comunicações, tradicionais e internet, falando sobre a importância do voto, da escolha do candidato, de se analisar as propostas de campanha. Mas a verdade é que o voto é parte do sistema e serve para mantê-lo funcionando, dando-nos a idéia de que temos alguma possibilidade de escolha e transformação.

Fazem-nos acreditarmos nisso com tanta força que os nossos jovem fazem campanha a favor desse ou daquele candidato. Acreditam, ainda.

Depois de algumas dezenas de anos, vendo o poder se auto-alimentando das esperanças do povo, sugando toda a nossa força produtiva, nossos sonhos, fins-de-semana, férias, natais, aniversários, sacrificando nossas vidas para mantê-lo funcionando, a ficha cai.

Você percebe que a vida dentro do sistema é mais ou menos parecida com a do espectador de um reallity show, onde você decide o que lhe dão para decidir. Na verdade, você não opina sobre o que quer de verdade. Você não escolhe que entra na casa, como serão as provas, como será a forma de administrar a liderança dentro dela, qual o processo de eliminação, quais os requisitos para o “paredão”.

Dentro da política você não escolhe nada.

Porque todos os candidatos que lhe aparecem sem aviso na sua tv, radio, email, correio, já vem prontos. Talvez, durante a convenção do partido de sua preferência, até tenha aparecido vários candidatos sérios, bem intencionados, capazes de trazer alguma mudança, por menor que seja. Contudo, o que seleciona o possível representante do partido para concorrer ao cargo é a vontade da maioria do partido. A gente não escolhe.

Somos levados a crer que nosso voto é importante porque estamos participando e fazendo algo que vai melhorar nossas vidas.

Pra eles o voto é importante porque nos dá essa ilusão de participação no poder, justificando a existência da democracia e que é a vontade do povo os que irão se suceder no poder, ou se manter lá.

Não, eu não tenho uma idéia melhor.

É essa a sensação que me invade de vez em quando: a de que vejo o programa e nem trocando de canais eu consigo acessar um programa decente.

Como eu faço pra desligar esta televisão?

Existe um canal diferente?

AMIGOS

Ainda bem que eles existem!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Volta do Bar

Certa vez, um grande filósofo (não citaremos nomes para não comprometer a inveracidade da história) chegou em casa meio torto (leia-se:após horas de discussões sobre a essência das coisas faz-se necessário descobrir a essência de uma garrafa de bebida alcoólica para calibrar os neurônios) e tentou abrir a porta, introduzindo a chave na fechadura da mesma.
O procedimento é o padrão e teria dado certo se seus neurônios ainda resolvessem colaborar com os movimentos do sistema simpático, que também deu uma saidinha pra tomar uma com o sistema parassimpático.
Percebendo que a chave, depois de algumas tentativas, acabou quebrando dentro da fechadura, deu um sorrisinho maroto e pensou:
- Fudeu.
Deu meia volta e encaminhou-se para o bar fazer companhia para seus sistemas e esperar que alguém fosse dar por falta dele em algum momento.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Financiando a criminalidade

Estes dias eu estava conversando com amigos e algumas idéias começaram a surgir, fazendo sentido e me assustando um pouco.
Nós pagamos impostos em basicamente tudo o que fazemos: na comida, na bebida, água, luz, transporte, música, filmes, idéias, cores, sabores, vícios e transgressões.
Em tudo existe um viruzinho do imposto embutido, passando despercebido, contaminando nossas vidas, nossos orçamentos e despesas.
Mas os que vivem na informalidade e na "criminalidade" não pagam impostos.
Ainda assim, eles adquirem bens, pagam contas, planejam viagens e um futuro para os seus. Estou falando da maioria, não dos 'ladrões" de galinha e de "pedra" que só vivem de "bicos" furtivos.
Além disso, temos governantes (membros do executivo, legislativo e judiciário) que insistem em nos "roubar", tanto nosso tempo, quanto nosso rico dinheirinho que sempre nos faz falta no fim do mes (quando o orçamento familiar consegue chegar no fim do mês!) para realizar um serviço pelo qual os fulanos já são bem remunerados.
O que descobrimos em nossa conversa é que no final das contas nós, cidadãos em geral, pagamos para sermos honestos e para levarmos uma vida digna.
E pagamos muito caro.
O combate ao tráfico de drogas é importante para os governantes não por uma questão de saúde, mas porque o traficante não paga imposto de renda. Porque o produto traficado não é tributável. Porque gera empregos (mesmo que não gostemos de admitir isso) e renda para pessoas que não irão ser alcançadas pela lei fiscal.
O que os governantes fazem então?
Criam novos impostos, taxas e tributos. Porque, mesmo havendo membros coerentes e compromissados com uma proposta de melhoria da qualidade de vida das pessoas que os colocaram naqueles cargos, estes membros são minoria e não conseguem lutar de maneira violenta contra a grande muralha de corrupção e criminalidade que povoa os vários setores do poder neste País. Não se enganem, isso não é de agora. É histórico. O País fora fundado por "criminosos" e ao longo da nossa história só houve mudança de cacique, mas não de tribos.
Nós, com nossos impostos (que não servem pra outra coisa senão pagar as contas e os salários dos nossos governantes), taxas (que deveriam ser usadas na melhoria dos setores onde são cobradas) e conivência política e social é quem mantemos o País na zona caótica em que se encontra.
Nós financiamos o crime, a longo e médio prazo.
Talvez eu resolva investigar o assunto a fundo em algum estudo acadêmico, ganhe alguns louros, publique um livro e termine sentando num "trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar" com a certeza do dever cumprido. Será?!
É, parafraseando ainda Raul: "isso é uma grande piada e um tanto quanto perigosa".