quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Anos a fio

Eu gostaria de saber, de verdade, como foi que isso aconteceu.
Como, em que momento de nossa história, nos tornamos tão dependentes dos bancos.
Somos tão dependentes deles que chego a acreditar no dia em que na constituição a sua proteção será colocada como cláusula pétrea, ao lado do direito a vida, por exemplo.
Eles nos roubam diariamente, omitem dados, criam taxas pra tudo - taxa por atraso, taxa por multa, juros por atraso da taxa de multa, multa por juros na multa de atraso - nos levando a verificarmos nossos extratos com frequencia, e, olha que beleza, gerando novas razões para sermos taxados.
Além disso, os Governos do mundo são também mortalmente dependentes dos bancos.
Fala-se em economia mundial, no seu bem-estar, por isso devendo cuidar da saúde dos bancos.
O nosso dinehiro, chorado, suado, sofrido, lastimado, que nos recusamos a entregar para o Estado porque sabemos que nem sempre será destinada a sua utilização para a manutenção de nossas necessidades sociais, esse dinheiro é entregue de mãos beijadas para os bancos, para a sua manutenção, para a continuação de sua existência.
Como um câncer.
Então, são três as intituições que mantém a lógica, a mecânica do nosso sitema funcionando a pleno vapor até o nosso esgotamento vindouro: religião, estado e bancos.
A primeira, nos mantém num estado letárgico, num "coma" social, nos impedindo de ver a verdade que nos rodeia desviando a atenção para algum ser invisível e nos dando falsas esperanças num futuro pós-vida (já que esta encontra-se toda absorvida pelos interesses dos três poderes).
O Estado, tem por função criar leis e organizar as pessoas de maneira tal que acreditemos que sua existência é necessária para a nossa própria existência. Ele alega ser importante para a manutenção da Ordem, bem como a única instituição capaz de levar o ser humano a seu grau máximo de realização social. É comum o Estado inventar discursos, e embasá-los nas mais variadas teorias, que tentam justificá-lo, definí-lo, para que o aceitemos sem discussão. No final das contas, acabamos discutindo sobre políticos, não sobre política. Nos rebelamos contra aquele Governador que não fez o que deveria ter feito, o Senador que desviou milhões matando centenas de pessoas nas filas de hospitais. Acabamos por acreditar que o voto tem poder e é a única ferramenta capaz de transformar esse quadro, quando a verdade é uma só: o Estado é o problema. Ele segue uma lógica que tem por fundamento o "foda-se o social, eu preciso continuar existindo".
E os bancos. Guardam nosso dinehiro, negociam com ele, "brincam, esticam e puxam", fazem ele se transformar em mais dinheiro e nos cobram por isso. Nos oferecem vantagens e serviços incrivelmente dispensáveis a nossa existência, nos iludindo de sua necessidade.
Também são conhecidos como "os verdadeiros três poderes".
E aceitamos essa exploração por parte de cada um deles.
Simplesmente cruzamos os braços e nos guardamos nas nossas mentes toda nossa frustação e inadaptabilidade em relação a este sistema.
E não conseguimos fazer nada porque fomos levados a acreditar que não temos ferramentas para tal.
O espírito de alienação nos afetou de tal forma que mesmo os pensadores e críticos deste sistema cruzam os braços e ficam impotentes diante de tão grande máquina.
Todo nosso potencial criativo-humano reduzido a trabalhar 8 horas por dia, com uma ou duas de almoço, chegar em casa, ligar a tv, assistir à algum programa tosco sobre informações desnecessárias às nossas realidades, mas que nos mantém longe de nossos problemas imediatos.
Essa é nossa vida.
Somos escravizados pelo imediato.
E é assim que o sistema nos mantém trabalhando para mantê-lo: nos dando esperança de que se assim continuarmos, conseguiremos nossa casa, nosso carro, manter a vida e educação de nossos filhos, nossas férias, nossa aposentadoria e nossa morte tranquila.
Sendo que para cada uma dessas coisas eles, os três poderes (que são os verdadeiros poderes de manutenção do sistema), nos cobram alguma coisa: impostos, culpa, retribuição.
A coisa funciona de maneira tão densa e imersa em nosso cotidiano que não nos é mais possível vê-la como vemos as cores.
E esse exercício de "visão" está sendo cada vez mais combatido pelos três poderes.
O Estado alega estar tentando melhorar a educação nos Países, quando na verdade somos sucateados, tendo acesso à escolas que nos ensinam tudo, menos a ver.
A Religião, nos afastando cada vez mais de nós mesmos, de nossas necessidades humanas para (em vão) atender nossas necessidades espirituais, que nem ao menos sabemos se existem ou não tais coisas. Simplesmente acreditamos.
E os Bancos, ah, esses safados ladrões outorgados pelo Estado!
Falo dos Bancos como uma entidade repesentativa. Aqui englobam-se todos os que vivem da especulação, da transformação de espectativas em capital, mas em cima de capital alheio.
E vamos sendo roubados, amansados e encaminhados no brete para sermos sacrificados diariamente a fim de manter a mesa dos três farta e cheias de guloseimas. Enquanto isso, eles nos desejam um feliz natal e um ano novo cheio de esperança para que seja possível continuarmos anos a fio trabalhando, trabalhando, trabalhando....

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ao eterno Capitão


Ó Capitão, meu Capitão!
Sei que agora já não és
Mas gosto de pensar
Que em outros mares há de navegar

O descanso tão merecido,
Pelos caminhos trilhados
Pelos combates vividos
Tantas vezes em vão,
Mas sempre em verdade.

Ferro e fogo
Enfrentastes, meu amigo
Mas foi pelas mãos nuas
Que conheceste o desespero
E a decepção em acreditar

Ainda assim, o levantar!
O bradar feroz
E o desejo de continuar
De conseguir mudar
O mantiveram de pé
Mesmo nas derradeiras passadas.

Tenho em meu coração
Que não ficaram mágoas
Apesar de tudo
E que viveu como quis:
Intenso e único.

Gostaria de acreditar que um dia
Possamos voltar a trilhar juntos
Com todos os nossos bravos
Os caminhos que desconhecemos.

Meu exemplo
Meu amigo
Meu Capitão

Boa viagem!