quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Escrevendo ainda?

Às vezes eu me sinto como Douglas Adams, mas não pela genialidade - não sou nem um pouco genial no que me proponho a escrever - e sim pela dificuldade imensa que ele relatava sentir durante o processo criativo de suas obras.
Escrever é muito doloroso, dizia ele.
E assim também eu digo o mesmo.
Leva muito tempo para conseguir processar informações de maneira lógica e interessantes, pelo menos para minhas leituras futuras.
Outro fator que costuma atrapalhar é o dia-a-dia que se leva.
Uma idéia aparece, você fica pensando que seria muito interessante colocá-la no papel - força de expressão - mas acaba se perdendo nos afazeres do dia e, quando menos se espera, você lembra que tinha uma idéia muito eficaz, contudo, não faz a menor idéia do que se tratava.
Quantos textos se perderam dessa maneira.
Mas essa não é uma "maldição" que atinja apenas os que se atrevem a escrever algumas linhas, mas todo o pensamento criativo em suas mais variadas formas sofre do mesmo mal.
Com o passar do tempo, a maldição da sobreposição de outras coisas sobre o criativo espalha-se por outros ramos da vida moderna, infectando até mesmo nossas camas, nosso sono e sonhos.
Enquanto a roda da vida como a conhecemos continua a girar desembestadamente morro abaixo, ela nos leva dentro de suas pás, triturando nosso tempo e espaço de felicidades pequenas, fúteis por vezes mas tão necessárias.
Sem dó nem piedade, tudo o que fazemos acaba sendo muito doloroso em vários níveis e de muitas maneiras que chego a pensar, certamente, poderia muito bem toda essa paranóia insistente ter nascido da mente perturbada de um criador frustrado com a eternidade e a perfeição.

Um comentário:

LiA caRoL disse...

É... escrever é para raros e poucos, não porque o exercício seja difícil, na verdade a correria da vida, que esmaga tudo, esmaga inclusive o pensamento livre. Há tantas coisas que somos obrigados a saber que ter um tempo para colocar na ponta do lápis idéias voadoras, é dar-se ao desfrute, quase que um adultério ao sistema, e infelizmente não é sempre que nossa esposa traida, a competição capitalista, permite que deixemos toda a correria de lado para esmiuçar nossos sentimentos. Aliás por vezes sequer temos tempo para sentir, apenas ligamos o piloto automático de nossas vidas e empurramos com a barriga as horas dos dias... De fato, escrever é para poucos e raros...