segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Financiando a criminalidade

Estes dias eu estava conversando com amigos e algumas idéias começaram a surgir, fazendo sentido e me assustando um pouco.
Nós pagamos impostos em basicamente tudo o que fazemos: na comida, na bebida, água, luz, transporte, música, filmes, idéias, cores, sabores, vícios e transgressões.
Em tudo existe um viruzinho do imposto embutido, passando despercebido, contaminando nossas vidas, nossos orçamentos e despesas.
Mas os que vivem na informalidade e na "criminalidade" não pagam impostos.
Ainda assim, eles adquirem bens, pagam contas, planejam viagens e um futuro para os seus. Estou falando da maioria, não dos 'ladrões" de galinha e de "pedra" que só vivem de "bicos" furtivos.
Além disso, temos governantes (membros do executivo, legislativo e judiciário) que insistem em nos "roubar", tanto nosso tempo, quanto nosso rico dinheirinho que sempre nos faz falta no fim do mes (quando o orçamento familiar consegue chegar no fim do mês!) para realizar um serviço pelo qual os fulanos já são bem remunerados.
O que descobrimos em nossa conversa é que no final das contas nós, cidadãos em geral, pagamos para sermos honestos e para levarmos uma vida digna.
E pagamos muito caro.
O combate ao tráfico de drogas é importante para os governantes não por uma questão de saúde, mas porque o traficante não paga imposto de renda. Porque o produto traficado não é tributável. Porque gera empregos (mesmo que não gostemos de admitir isso) e renda para pessoas que não irão ser alcançadas pela lei fiscal.
O que os governantes fazem então?
Criam novos impostos, taxas e tributos. Porque, mesmo havendo membros coerentes e compromissados com uma proposta de melhoria da qualidade de vida das pessoas que os colocaram naqueles cargos, estes membros são minoria e não conseguem lutar de maneira violenta contra a grande muralha de corrupção e criminalidade que povoa os vários setores do poder neste País. Não se enganem, isso não é de agora. É histórico. O País fora fundado por "criminosos" e ao longo da nossa história só houve mudança de cacique, mas não de tribos.
Nós, com nossos impostos (que não servem pra outra coisa senão pagar as contas e os salários dos nossos governantes), taxas (que deveriam ser usadas na melhoria dos setores onde são cobradas) e conivência política e social é quem mantemos o País na zona caótica em que se encontra.
Nós financiamos o crime, a longo e médio prazo.
Talvez eu resolva investigar o assunto a fundo em algum estudo acadêmico, ganhe alguns louros, publique um livro e termine sentando num "trono de um apartamento com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar" com a certeza do dever cumprido. Será?!
É, parafraseando ainda Raul: "isso é uma grande piada e um tanto quanto perigosa".

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