sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Controle Remoto

Certa vez eu estava conversando com Sérgio e comecei a perceber algo que me ajudou a entender algumas coisas.
Lembro de ter lhe perguntando:
"Sérgio, você está vendo estas pessoas?"- isso foi no pátio da UNEMAT. Eu respondi depois que ele acenou positivamente: "Eu também, mas é como se eu não estivesse aqui, como se eu fosse um expectador longe dos efeitos do tempo, um mero observador, que não pode mudar nada nesta história, contudo, é privilegiado por conseguir ver toda a história e seus desembramentos."
Mas o mais interessante é quando você consegue fazer isso com sua própria história.
Perceber todos os detalhes, os erros, as palavras ditas e omissas, os movimentos, como se por alguns instantes você tivesse o seu próprio controle remoto e pudesse voltar algumas cenas , sem alterá-las, apenas para reavaliá-las!
Essa percepção, essa consciência, creio que seja um passo para a plenitude, para a auto-compreensão.
Sei que pode parecer um pouco arrogante de minha parte dizer isso, como se eu fosse um ser evoluído e os outros não, mas não é essa a idéia.
A questão é compartilhar.
Quando um cientista descobre algo novo, algo importante e que pode mudar-lhe a vida e a dos outros seres que este planeta habitam, ele fica num angústia muito grande por poder compartilhar este novo conhecimento, não pelos louros, mas pela certeza do efeito que irá surtir naqueles outros seres que ainda não estiveram em contato com essa nova informação.
Tanto não sou um ser evoluído que possuo tantos problemas quanto qualquer outro. Tenho dívidas, tanto econômicas quanto sociais e morais. Tenho sonhos, anseios, ilusões, defeitos, família, amigos, como qualquer um.
Mas, por alguns instantes, eu tenho o controle remoto de minha história e consigo ver o que deu errado até agora, me dando alguns segundos de oportunidade para traçar um novo caminho.
É essa tomada de "rédeas" que eu gostaria de compartilhar, de estimular.
Pare alguns minutos de sua vida, se possível num momento em que ninguém poderá lhe incomodar, um lugar só seu. No meu caso é em baixo do chuveiro.
E comece a procurar rever o dia, os detalhes.
Com o tempo, perguntas começam a fazer sentido e as respostas aparecem em dias anteriores.
As peças começam a se ligar.
Você finalmente está se vendo. Você consegue perceber o óbvio.
E é essa experiência que eu gostaria de compartilhar, por um mundo melhor, por pessoas menos tristes e capazes de perceberem o que está a sua volta.
A depressão muitas vezes nasce da união de vários elementos de descontrole situacional, aliados a falta de perspectiva. Significa dizer que você não sabe e não entende o que está lhe acontecendo naquele momento, então a depressão aparece.
Parte desta insegurança e falta de perspectiva estão conectadas com a visão particular de mundo que boa parte das pessoas acaba desenvolvendo: o egocentrismo.
Mas este é um assunto por demasiado complexo e que deixo para uma análise em um artigo posterior.

Sabe, acho que depois deste post horrível eu realmente deveria escrever um livro de auto-ajuda.

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