terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Desperdícios

Há exatamente 29 nove anos atrás, exatidão essa em conformidade com o calendário que nossa sociedade adotou, uma criança fora expulsa de um ambiente aconchegante, maravilhosamente controlado, perfeito, para fazer parte de um lugar frio, violento, obrigada a mandar para dentro de seus pulmões saudáveis e inocentes parcela do ar viciado que iria fazer parte do resto de seus dias.
Era o dia em que eu nasci.
Sabe, algumas pessoas comemoram as alegrias, as tristezas, as oportunidades, a maravilha da criação e das benção de deus sobre elas em dias como esse. Elas se sentem especiais.
Precisam se sentir assim.
Eu não sou tão pretensioso em pensar que esse deus me deu tantas "bençãos" e se esqueceu das centenas de milhares de pessoas que acabaram de morrer de fome, de tristeza, de violência, de dor, de vida por este mundo a fora.
Não me sinto especial, mas sei que sou único assim como cada uma destas pessoas que agora não fazem mais parte de nosso convívio.
Uma música do Tianastácia fala de pessoas que poderiam ter sido a cura do câncer, da AIDS, físicos, músicos, matemáticos, que morreram ou vivem em condições de total esquecimento de nossa parte.
A música se chama "Desperdícios".
Hoje é um dia como outro qualquer, talvez diferente pelo fato de que eu tenha percebido que já fazem 29 anos em que eu poderia estar fazendo algo de importante, senão pelos outros, pelo menos pela existência daqueles que poderão me suceder.
Isso também é um desperdício.
Parabéns pra mim.

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